Digital Mystikz vs. Loefah + MC Sgt. Pokes / Buraka Som Sistema
Ateneu Comercial de Lisboa, Lisboa
18 Nov 2006
O Ateneu Comercial de Lisboa é uma espécie de ginásio. Bom local, então, para acolher a primeira grande festa de dubstep em Lisboa (há noites dedicadas ao estilo em bares como o Fluid, mas ainda não é com artistas estrangeiros), com DJ sets conjuntos de metade dos Digital Mystikz e de Loefah, com um MC, MC Sgt. Pokes.
O dubstep (ou, pelo menos, esta nova vaga de dubstep) não é um estilo suficientemente antigo (ainda não há regras, não há qualquer manifesto, não há qualquer limitação...) para haver já grandes redundâncias, mas o DJ set passa, inevitavelmente, pelas mesmas batidas, de vez em quando. Em Memories Of The Future, a estreia de Kode 9+Space Ape (esse sim, será o primeiro concerto de dubstep no nosso país), há mais variações, mais diferenças (por exemplo, “Nine Samurai” tem samples de sopros).
Aqui parece estar tudo mais centrado na batida e em fazer dançar. É essa a parte importante aqui: a dança. Os discos de Kode 9 e Burial, para falar dos porta-estandartes do “movimento”, são centrados, sim, na dança lenta e urbana e decadente, mas com um pessimismo e um ambiente totalmente negro e soturno que pode ser um “no future” dos anos 2000 sem se dizer mesmo “no future”. Esse pessimismo também parece existir nos Digital Mystikz, mas esses dão a tudo uma maior festividade, herança da música jamaicana que os influencia fortemente. Sgt. Pokes chega até a dizer que se sente bem. Ora, não é esse o objectivo do dubstep. Ao longo de praticamente duas horas, a parte Digital Mystikz vai passando música enquanto Loefah vai enrolando ganzas, fumando ganzas e até, ocasionalmente, passando um bocado de música. Sgt. Pokes está à direita do palco, no chão, e, com o microfone na mão, vai até ao bar, à casa-de-banho, fuma, faz tudo o que lhe apetece fazer. Musicalmente torna-se chato após a primeira hora.
A seguir, Buraka Som Sistema, a prata da casa, para uma sala um pouco mais composta (com bastante gente, sim), a mostrar porque é que, cinco ou seis meses depois, ainda faz sentido. Kuduro misturado com as novas músicas urbanas de Londres ou do Rio de Janeiro, o que faz bastante sentido como única banda portuguesa capaz de fechar uma festa de dubstep. O single “Yah” ainda não envelheceu, os temas de From Buraka To The World também não, mas a falta de Lil’ John nota-se um pouco. O público esforça-se, mas não consegue atingir a magia de outros momentos impressionantes. Depois de tudo, DJ Riot fica a passar música de notório mau gosto (até para alguém que é um produtor de kuduro) com sabor a discoteca manhosa de qualquer província de Portugal.
O dubstep chegou finalmente a Portugal e parece estar a dar-se bem. Falta ver quanto tempo isto irá durar, se durará mais que a hora que a pessoa normal consegue passar a dançar aquelas batidas estranhas, escuras, sintetizadas e impressionantemente dançáveis. Em Portugal e em todo o mundo.
O dubstep (ou, pelo menos, esta nova vaga de dubstep) não é um estilo suficientemente antigo (ainda não há regras, não há qualquer manifesto, não há qualquer limitação...) para haver já grandes redundâncias, mas o DJ set passa, inevitavelmente, pelas mesmas batidas, de vez em quando. Em Memories Of The Future, a estreia de Kode 9+Space Ape (esse sim, será o primeiro concerto de dubstep no nosso país), há mais variações, mais diferenças (por exemplo, “Nine Samurai” tem samples de sopros).
Aqui parece estar tudo mais centrado na batida e em fazer dançar. É essa a parte importante aqui: a dança. Os discos de Kode 9 e Burial, para falar dos porta-estandartes do “movimento”, são centrados, sim, na dança lenta e urbana e decadente, mas com um pessimismo e um ambiente totalmente negro e soturno que pode ser um “no future” dos anos 2000 sem se dizer mesmo “no future”. Esse pessimismo também parece existir nos Digital Mystikz, mas esses dão a tudo uma maior festividade, herança da música jamaicana que os influencia fortemente. Sgt. Pokes chega até a dizer que se sente bem. Ora, não é esse o objectivo do dubstep. Ao longo de praticamente duas horas, a parte Digital Mystikz vai passando música enquanto Loefah vai enrolando ganzas, fumando ganzas e até, ocasionalmente, passando um bocado de música. Sgt. Pokes está à direita do palco, no chão, e, com o microfone na mão, vai até ao bar, à casa-de-banho, fuma, faz tudo o que lhe apetece fazer. Musicalmente torna-se chato após a primeira hora.
A seguir, Buraka Som Sistema, a prata da casa, para uma sala um pouco mais composta (com bastante gente, sim), a mostrar porque é que, cinco ou seis meses depois, ainda faz sentido. Kuduro misturado com as novas músicas urbanas de Londres ou do Rio de Janeiro, o que faz bastante sentido como única banda portuguesa capaz de fechar uma festa de dubstep. O single “Yah” ainda não envelheceu, os temas de From Buraka To The World também não, mas a falta de Lil’ John nota-se um pouco. O público esforça-se, mas não consegue atingir a magia de outros momentos impressionantes. Depois de tudo, DJ Riot fica a passar música de notório mau gosto (até para alguém que é um produtor de kuduro) com sabor a discoteca manhosa de qualquer província de Portugal.
O dubstep chegou finalmente a Portugal e parece estar a dar-se bem. Falta ver quanto tempo isto irá durar, se durará mais que a hora que a pessoa normal consegue passar a dançar aquelas batidas estranhas, escuras, sintetizadas e impressionantemente dançáveis. Em Portugal e em todo o mundo.
· 18 Nov 2006 · 08:00 ·
Rodrigo Nogueirarodrigo.nogueira@bodyspace.net
RELACIONADO / Buraka Som Sistema