DISCOS
CAVEIRA
Cena EspÃrita / Quebranto
· 24 Out 2006 · 08:00 ·
CAVEIRA
Cena EspÃrita / Quebranto
2006
Ed. Autor / Rafflesia
Cena EspÃrita / Quebranto
2006
Ed. Autor / Rafflesia
CAVEIRA
Cena EspÃrita / Quebranto
2006
Ed. Autor / Rafflesia
Cena EspÃrita / Quebranto
2006
Ed. Autor / Rafflesia
O trio free-rock regressa em formato duplo para registar a energia dos concertos.
Em 2005 a CAVEIRA revelou-se ao mundo. O trio free rock que nasceu num quarto de Sacavém provocou o caos e o rock experimental nacional não voltou a ser o mesmo. O trio ensaiou no Lótus bar, apresentou-se ao vivo na Galeria Zé dos Bois, assustou o público de Devendra Banhart e conquistou a plateia de Damo Suzuki. Pelo meio houve a edição de um cd-r, Ãfrica, que ficou como documento, a prova definitiva que existe alguma coisa nova a acontecer na música portuguesa. Já este ano, como complemento a uma tour conjunta com Tropa Macaca e Fish & Sheep, foi editado o split-cd Caravana do Estrilho.
Agora, depois da experiência adquirida em vários concertos, os CAVEIRA decidiram desvendar novas pistas sonoras com a edição simultânea de dois cd-r’s - a par do planeado Cena EspÃrita, é editado também Quebranto, gravado a vivo. Enquanto que o primeiro disco foi gravado no inÃcio do último trimestre de 2005 nos Golden Pony Studios, o disco ao vivo é o registo do concerto que incendiou a Fonoteca Municipal de Lisboa no dia 23 de Junho, integrado no festival Sonic Scope, o evento que reuniu em três noites a vanguarda da música experimental nacional - Sei Miguel, Manuel Mota ou Ernesto Rodrigues estiveram presentes, entre outros.
Para além de um curioso fascÃnio pelo espiritismo/feitiçaria expresso nos tÃtulos, tal como no cd-r Ãfrica a ironia dos tÃtulos permanece: “Fui a Sacavémâ€, “Criançasâ€, “Mundo Romântico†e “Guerra Fixeâ€, não ficam mal ao lados dos já clássicos tÃtulos “Violação nas Dunas do Guincho (Vento Mitra)†e “Papillon de Cabedalâ€. E a música, que é o que mais interessa, segue as mesmas linhas de força, mas agora com a fórmula alterada. Se na primeira gravação eram seleccionados apenas os melhores momentos das sessões de gravação (e consequentemente a duração dos temas variava entre poucos minutos), nesta dupla edição o grupo optou por mostrar os temas na Ãntegra – e a duração das músicas varia agora entre os dez e os vinte minutos.
À primeira vista é logo revelada a transparência do processo. Já se sabe que a música assente na improvisação vive numa permanente oscilação entre o génio e o erro, num risco constante entre a glória e a queda. A música CAVEIRA, apesar de arriscar como qualquer outra forma de improvisação, aposta na distorção como imagem de marca, e a brutalidade do ruÃdo - incontornável de todos os temas – é uma camada presente nos quatro temas editados. Entre as guitarras de Pedro Gomes e Rita Vozone joga-se um duelo entre distorção, melodia e riffs, numa confusa (mas eficaz) coordenação de texturas sobrepostas.
A bateria de Joaquim Albergaria acaba por trazer alguma linearidade ao processo, sendo muitas vezes o eixo que conduz a música do trio. Se a energia fabulosa dos concertos já ganhou fama quase mÃtica, a transposição dessa energia para disco continuava a trazer dúvidas. Até agora. Esta edição dupla mostra que afinal o ruÃdo que nós gostamos continua todo lá, entre explosões e gritos sónicos. Para irmos ouvindo enquanto esperamos pelo próximo concerto.
Nuno CatarinoAgora, depois da experiência adquirida em vários concertos, os CAVEIRA decidiram desvendar novas pistas sonoras com a edição simultânea de dois cd-r’s - a par do planeado Cena EspÃrita, é editado também Quebranto, gravado a vivo. Enquanto que o primeiro disco foi gravado no inÃcio do último trimestre de 2005 nos Golden Pony Studios, o disco ao vivo é o registo do concerto que incendiou a Fonoteca Municipal de Lisboa no dia 23 de Junho, integrado no festival Sonic Scope, o evento que reuniu em três noites a vanguarda da música experimental nacional - Sei Miguel, Manuel Mota ou Ernesto Rodrigues estiveram presentes, entre outros.
Para além de um curioso fascÃnio pelo espiritismo/feitiçaria expresso nos tÃtulos, tal como no cd-r Ãfrica a ironia dos tÃtulos permanece: “Fui a Sacavémâ€, “Criançasâ€, “Mundo Romântico†e “Guerra Fixeâ€, não ficam mal ao lados dos já clássicos tÃtulos “Violação nas Dunas do Guincho (Vento Mitra)†e “Papillon de Cabedalâ€. E a música, que é o que mais interessa, segue as mesmas linhas de força, mas agora com a fórmula alterada. Se na primeira gravação eram seleccionados apenas os melhores momentos das sessões de gravação (e consequentemente a duração dos temas variava entre poucos minutos), nesta dupla edição o grupo optou por mostrar os temas na Ãntegra – e a duração das músicas varia agora entre os dez e os vinte minutos.
À primeira vista é logo revelada a transparência do processo. Já se sabe que a música assente na improvisação vive numa permanente oscilação entre o génio e o erro, num risco constante entre a glória e a queda. A música CAVEIRA, apesar de arriscar como qualquer outra forma de improvisação, aposta na distorção como imagem de marca, e a brutalidade do ruÃdo - incontornável de todos os temas – é uma camada presente nos quatro temas editados. Entre as guitarras de Pedro Gomes e Rita Vozone joga-se um duelo entre distorção, melodia e riffs, numa confusa (mas eficaz) coordenação de texturas sobrepostas.
A bateria de Joaquim Albergaria acaba por trazer alguma linearidade ao processo, sendo muitas vezes o eixo que conduz a música do trio. Se a energia fabulosa dos concertos já ganhou fama quase mÃtica, a transposição dessa energia para disco continuava a trazer dúvidas. Até agora. Esta edição dupla mostra que afinal o ruÃdo que nós gostamos continua todo lá, entre explosões e gritos sónicos. Para irmos ouvindo enquanto esperamos pelo próximo concerto.
nunocatarino@gmail.com
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