Quando procuramos por música, o nosso melhor amigo de hoje em dia tende a ser o Bandcamp - especialmente no que a edições independentes de bandas aspas aspas diz respeito -, mas, e é para isso que existem também as dezenas atrás de dezenas de páginas e blogues e websites, há sempre alguém que terá de dedicar a sua vida a separar o trigo do joio, sendo humanamente impossível estar atento a tudo e mais alguma coisa. E depois há os amigos que nos dizem: tens de ouvir isto, facilitando-nos a vida. Porque se não confiarmos nos nossos amigos não podemos confiar em mais ninguém.

Assim foi com os Galgo, que muito antes de lhes ouvirmos qualquer trabalho ou canção, já estávamos a entrevistar virtude da influência alheia. Desde essa tarde de Agosto que o quarteto de Oeiras tem chegado a muito mais gente, tendo feito parte do melhor cartaz do ano (o Jameson Urban Routes), tendo ganho o Vodafone Band Scouting do Mexefest, e tendo editado o primeiro EP, este de que aqui se fala. Um EP de apenas quatro faixas (e não cinco), duas das quais já vêm de tempos outros, mas que - mais que tudo - prova que os Galgo merecem o reconhecimento que têm tido.

Se "Trauma De Lagartixa" e "Torre De Babel" são já aqueles malhões que, num espectáculo ao vivo, põem gente a dançar e a cantar, espécie de elos perdidos entre os Quelle Dead Gazelle e os PAUS, a ginga de "Dromomania", completa com coros hardcore-moda-pop, e o jangle de "Monte Real" não lhes ficarão atrás, tudo junto num EP que, para além de fantástico, apresenta os Galgo a uma facção muito importante de pessoas: aquelas que não têm vagar para o Bandcamp nem têm amigos fixes. Coitados, não?