DISCOS
Wavves
Afraid Of Heights
· 20 Mar 2013 · 22:17 ·
Wavves
Afraid Of Heights
2013
Mom + Pop
Sítios oficiais:
- Wavves
- Mom + Pop
Afraid Of Heights
2013
Mom + Pop
Sítios oficiais:
- Wavves
- Mom + Pop
Wavves
Afraid Of Heights
2013
Mom + Pop
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- Wavves
- Mom + Pop
Afraid Of Heights
2013
Mom + Pop
Sítios oficiais:
- Wavves
- Mom + Pop
Que se passa com Nathan Williams?
Nathan Williams não será o melhor exemplo de um tipo equilibrado - ainda está na memória de todos o célebre meltdown no Primavera de Barcelona, em que se esteve pertíssimo do fim prematuro dos Wavves -, mas não era de esperar que com Afraid Of Heights o próprio pegasse nesse desequilíbrio como material de inspiração; aliás, estamos a falar do tipo que criou um hino adolescente como "So Bored", onde uma tremenda eficácia blasé, aliada às guitarras herdadas dos noventas, não fazia pressupor que aqui estaria alguém que um dia iria cantar-se a si próprio - por outras palavras, fazia-nos acreditar que nunca cresceria, que viveria para sempre naquele limbo entre as primeiras bebedeiras e os primeiros charros e a percepção de que ser adulto é uma merda.
O quarto disco dos noise-tornados-pop punks vai demasiado ao osso. Somos confrontados com canções que abarcam os problemas pessoais pelos quais tem passado o californiano, o álcool, a depressão, a paranóia, o medo de crescer (daí o título do disco); ainda que nos soem sempre estranhamente joviais por via da sonoridade que já vinha de King Of The Beach, há todo um novo lado negro de Nathan Williams que este não sentiu pudor em deixar vir à tona - já não estamos a falar do miserabilismo e auto-depreciação teen como em "Idiot" e "Green Eyes", por exemplo -, e isso tanto atribui uma quantidade mais calorosa e/ou humana ao disco como o eleva para territórios que não queríamos que ele pisasse. Wavves sempre foi sinónimo de diversão, e agora parece ter-se tornado em algo diferente, algo ao qual já não podemos recorrer como um escape. Estará aqui o seu principal ponto negativo.
Principal, ou único até; se as letras são mais angustiantes do que nunca ("Afraid Of Heights", "Everything Is My Fault", "Gimme A Knife"), o facto é que Wavves continua a possuir um manancial de boas canções e boas guitarras; longe vai o ruído dos primeiros discos, mas ficaram os ganchos pop como a canção que dá o nome ao novo álbum, ou a sabedoria grunge de "Demon To Lean On" para que continuemos a acreditar em Nathan Williams. Aliás, é por acreditarmos nele que este disco nos deixa receosos daquilo que ele possa fazer daqui em diante, não no campo da música, mas no da vida. Com Jay Reatard ainda a pesar-nos na cabeça, resta-nos estender-lhe um braço amigo e esperar que acabe tudo bem.
Paulo CecĂlioO quarto disco dos noise-tornados-pop punks vai demasiado ao osso. Somos confrontados com canções que abarcam os problemas pessoais pelos quais tem passado o californiano, o álcool, a depressão, a paranóia, o medo de crescer (daí o título do disco); ainda que nos soem sempre estranhamente joviais por via da sonoridade que já vinha de King Of The Beach, há todo um novo lado negro de Nathan Williams que este não sentiu pudor em deixar vir à tona - já não estamos a falar do miserabilismo e auto-depreciação teen como em "Idiot" e "Green Eyes", por exemplo -, e isso tanto atribui uma quantidade mais calorosa e/ou humana ao disco como o eleva para territórios que não queríamos que ele pisasse. Wavves sempre foi sinónimo de diversão, e agora parece ter-se tornado em algo diferente, algo ao qual já não podemos recorrer como um escape. Estará aqui o seu principal ponto negativo.
Principal, ou único até; se as letras são mais angustiantes do que nunca ("Afraid Of Heights", "Everything Is My Fault", "Gimme A Knife"), o facto é que Wavves continua a possuir um manancial de boas canções e boas guitarras; longe vai o ruído dos primeiros discos, mas ficaram os ganchos pop como a canção que dá o nome ao novo álbum, ou a sabedoria grunge de "Demon To Lean On" para que continuemos a acreditar em Nathan Williams. Aliás, é por acreditarmos nele que este disco nos deixa receosos daquilo que ele possa fazer daqui em diante, não no campo da música, mas no da vida. Com Jay Reatard ainda a pesar-nos na cabeça, resta-nos estender-lhe um braço amigo e esperar que acabe tudo bem.
pauloandrececilio@gmail.com
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