Ricardo Remédio despiu a pele de LÖBO e vestiu a de RA, e a mudança foi tão camaleónica como a do habitat animal em questão. Se os LÖBO exploram o peso dos riffs e do rock (entre outros territórios), RA abraçou a música electrónica como ponto de partida para outras paisagens musicais. E ainda bem que o fez..

O EP de estreia de RA, Rancor, é uma muito agradável surpresa; um trabalho autoral surpreendentemente maturado e apurado. Quatro temas, todo na casa dos sete minutos, que dividem em partes iguais a responsabilidade de criar uma unidade, um corpo de acção, um todo feito de viagens ricas em teor exploratório.

É verdade que Rancor partilha de certa forma as ambiências exploradas em LÖBO (o peso do doom anda sempre por aqui) mas aqui a matéria-prima é outra totalmente diferente e merece ser vista enquanto tal. De uma estreia não se pode pedir mais do que isto: uma linguagem que tem já o seu quê de próprio, um caminho a explorar. Missão cumprida. Agora venha a tour de force, que é como quem diz o disco de estreia.