DISCOS
John Maus
We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves
· 04 Set 2011 · 18:59 ·
John Maus
We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves
2011
Ribbon Music / Upset The Rhythm / Flur
Sítios oficiais:
- John Maus
- Ribbon Music
- Upset The Rhythm
- Flur
We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves
2011
Ribbon Music / Upset The Rhythm / Flur
Sítios oficiais:
- John Maus
- Ribbon Music
- Upset The Rhythm
- Flur
John Maus
We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves
2011
Ribbon Music / Upset The Rhythm / Flur
Sítios oficiais:
- John Maus
- Ribbon Music
- Upset The Rhythm
- Flur
We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves
2011
Ribbon Music / Upset The Rhythm / Flur
Sítios oficiais:
- John Maus
- Ribbon Music
- Upset The Rhythm
- Flur
Boa música haverá sempre, só depende de nós ouvi-la, quem a procura sempre a encontra.
“Since it is sure of its ability to control the entire domain of the visible and the audible via the laws governing commercial circulation and democratic communication, Empire no longer censures anything. All art, and all thought, is ruined when we accept this permission to consume, to communicate and to enjoy. We should become the pitiless censors of ourselves." A tese 14 de “Fifteen Theses on Contemporary on Contemporary Art" do filósofo francês Alain Badiou explica um pouco mas não explica tudo. Provavelmente um pouco de auto-censura em relação ao que ouvimos só nos faria bem. Se calhar em alguns abriria espaço para personagens mais recônditas da cena musical como o próprio John Maus. Quem o viu ao vivo (já por cá passou na ZDB) sabe como e o quanto este norte-americano vive a sua música. Performer diabólico das suas melodias, mostra a seguidores (Autre Ne Veut à cabeça) como se faz. Um homem, um microfone a a sua música num computador chegam e sobram para um espectáculo de suor e psico-aeróbica como há poucos (eu perdi um quilo e meio p´ra aí). Mas voltemos a um dos discos que vai constar de certeza em muitas listas de 2011. Maus, ele próprio estudante de filosofia, está cada vez mais focado na sua filosofia especial de uma certa ditadura da melodia onde esta é o alicerce e o objectivo primordial da qualquer mensagem porque sem melodia não se passa a mensagem.
E que mensagem, perguntam-se vós? A mensagem da intemporalidade. Sim, é possível. Comecem com “Streetlight” mergulhado em arpeggio e com o toque de requinte, umas notitas que nos levam de imediato para “It´s Such a Shame” dos Talk Talk e vão ver. John chega em grande estilo e num abrir e fechar de olhos lá estamos nós em oitentas e qualquer coisa. Mas atenção, nuns oitentas que não existiram. Não é uma cover, é um reformular, é um original. A refórmula mágica associada a outro mago Ariel Pink, com que quem John já colaborou, mas mais focada, mais especializada. Há por aqui melodias viciantes como “For Kate I Wait” do brilhante Ariel mas a amplitude de Maus não é tão FM para que pareça um shuffle numa rádio perdida algures no tempo, um qualquer Festival da Neurovisão. Não, Maus foca-se em trazer-nos uma banda new-wave perdida num catálogo desconhecido, uma banda que nos soa familiar mas nunca conhecemos. Para explicar essa sensação nada melhor do que “Quantum Leap”, onde o baixo factoryano nos leva de imediato a viajar no tempo com o corpo e o manifesto na mesma medida de força que John já imprimiu em clássicos anteriores como “Do Your Best” ou “Rights for Gays”. A voz também ajuda, algures entre Ian Curtis, Peter Murphy e Calvin Johnson com produção Sordide Sentimentale. E para quem ao ouvir "And the Rain" invoca com alguma razão New Order aqui e ali, penso que os teclados invocam muito mais Suicide e as suas cada vez mais influentes First Rehearsal Tapes, CD bónus no segundo álbum dos Suicide.
Continuando a viagem, surge a hiper-melodia de “Hey Moon” um dueto com Molly Nilsson que começa em teclas emprestadas às mesmas bandas-sonoras que emprestam teclas aos Boards of Canada, Freescha e maravilhosos afins. Logo a seguir, paragem nas teclas dos grandes Associates em “Keep Pushing On”, para depois pisar terrenos de introspeção entre Gary Numan e Tuxedo Moon em “The Crucifix” a preparar um hino de dança que faz a ponte entre a Yellow Magic Orchestra, Space, Duran Duran, Section 25 e as boas pistas de dança de 2011: “Head for the Country”. Já “Cop Killer” é a pitada de humor que não podia faltar num disco de Maus. Soa a cover de Body Count pelo nome mas depois ao ouvi-la, percebe-se que não e que estamos afinal a mergulhar na existencialidade do primeiro Robocop segundo a filosofia de Giorgio Moroder ou Autumn. “Matter of Fact” pela sua produção mais lo-fi faz-nos regressar ao seu anterior e igualmente recomendado Love is Real, mas é apenas o degrau antes da porta do apogeu dos dois temas finais: “We Can Break Through”, cântico entre Gentle Giant e The Legendary Pink Dots perdido na banda sonora do Blade Runner; e o maravilhoso-maravilhoso-maravilhoso-pedaço de céu “Believer”, hino reverb da intemporalidade, qual retro oitentas qual quê, isto não se reduz a parecer oitentas, isto é oitentas mas dois mil e oitentas, isto é 2011, perdoem a falta de pontos finais mas isto é a tese 12 de Badiou – “Non-imperial art must be as rigorous as a mathematical demonstration, as surprising as an ambush in the night, and as elevated as a star” – e ponto final.
Nuno LealE que mensagem, perguntam-se vós? A mensagem da intemporalidade. Sim, é possível. Comecem com “Streetlight” mergulhado em arpeggio e com o toque de requinte, umas notitas que nos levam de imediato para “It´s Such a Shame” dos Talk Talk e vão ver. John chega em grande estilo e num abrir e fechar de olhos lá estamos nós em oitentas e qualquer coisa. Mas atenção, nuns oitentas que não existiram. Não é uma cover, é um reformular, é um original. A refórmula mágica associada a outro mago Ariel Pink, com que quem John já colaborou, mas mais focada, mais especializada. Há por aqui melodias viciantes como “For Kate I Wait” do brilhante Ariel mas a amplitude de Maus não é tão FM para que pareça um shuffle numa rádio perdida algures no tempo, um qualquer Festival da Neurovisão. Não, Maus foca-se em trazer-nos uma banda new-wave perdida num catálogo desconhecido, uma banda que nos soa familiar mas nunca conhecemos. Para explicar essa sensação nada melhor do que “Quantum Leap”, onde o baixo factoryano nos leva de imediato a viajar no tempo com o corpo e o manifesto na mesma medida de força que John já imprimiu em clássicos anteriores como “Do Your Best” ou “Rights for Gays”. A voz também ajuda, algures entre Ian Curtis, Peter Murphy e Calvin Johnson com produção Sordide Sentimentale. E para quem ao ouvir "And the Rain" invoca com alguma razão New Order aqui e ali, penso que os teclados invocam muito mais Suicide e as suas cada vez mais influentes First Rehearsal Tapes, CD bónus no segundo álbum dos Suicide.
Continuando a viagem, surge a hiper-melodia de “Hey Moon” um dueto com Molly Nilsson que começa em teclas emprestadas às mesmas bandas-sonoras que emprestam teclas aos Boards of Canada, Freescha e maravilhosos afins. Logo a seguir, paragem nas teclas dos grandes Associates em “Keep Pushing On”, para depois pisar terrenos de introspeção entre Gary Numan e Tuxedo Moon em “The Crucifix” a preparar um hino de dança que faz a ponte entre a Yellow Magic Orchestra, Space, Duran Duran, Section 25 e as boas pistas de dança de 2011: “Head for the Country”. Já “Cop Killer” é a pitada de humor que não podia faltar num disco de Maus. Soa a cover de Body Count pelo nome mas depois ao ouvi-la, percebe-se que não e que estamos afinal a mergulhar na existencialidade do primeiro Robocop segundo a filosofia de Giorgio Moroder ou Autumn. “Matter of Fact” pela sua produção mais lo-fi faz-nos regressar ao seu anterior e igualmente recomendado Love is Real, mas é apenas o degrau antes da porta do apogeu dos dois temas finais: “We Can Break Through”, cântico entre Gentle Giant e The Legendary Pink Dots perdido na banda sonora do Blade Runner; e o maravilhoso-maravilhoso-maravilhoso-pedaço de céu “Believer”, hino reverb da intemporalidade, qual retro oitentas qual quê, isto não se reduz a parecer oitentas, isto é oitentas mas dois mil e oitentas, isto é 2011, perdoem a falta de pontos finais mas isto é a tese 12 de Badiou – “Non-imperial art must be as rigorous as a mathematical demonstration, as surprising as an ambush in the night, and as elevated as a star” – e ponto final.
nunleal@gmail.com
RELACIONADO / John Maus