“Make me Sound” é o debutante glossário de curta duração do projecto Norton, e como Extended Play de apresentação é extremamente agradável. Cruzando latitudes e referências consideráveis, uma faceta orgânica mais visível com outra electrónica menos visível (mas que, segundo dizem, não pensam deixar de explorar mais afincadamente no futuro), os Norton “aquecem o ambiente” e fazem esperar por mais.

Editado a meias entre a Bor Land (seguindo uma linhagem já característica de toda a música aí publicada) e a menos conhecida mas igualmente proeminente Skud & Smarty Records, o pacote volta a estar modelar. A produção gráfica é esmerada, e um vídeo do tema Blue Song é apresentado em faixa multimédia o que, convenhamos, abrilhanta qualquer disco. A música é prometedora embora três faixas (ainda que com uma escondida) seja manifestamente pouco. O acrescentar de mais um ou dois temas possibilitaria uma análise formal mais completa e uma consequente mais valia para a compreensão da música. Mas um EP é um EP, e escolhas são escolhas, pelo que não nos podemos queixar em demasia nesse campo.

A contaminação dá-se essencialmente devido ao invocar de uma corrente que se poderá denominar de indie-pop. As guitarras assumem por isso um papel importante, de uma frescura assinalável e sem demandas de maior no utilizar de uma melodia contínua. Em “Blue Song”, a faixa inicial, não podemos deixar de reparar numa certa nostalgia com uma tranquilidade latente que arrasta o ouvinte para um sentimento semelhante. Talvez o sentimento que trespassa seja uma ilusão, uma cortesia do eu enquanto criador, ou outra coisa qualquer. Pode dizer-se com alguma clarividência, isto sim, que esta é a melhor faixa do EP, e a que mais abre o apetite para coisas do mesmo calibre. “Summer Beat” pode ser interpretada com recorrer ao nome da faixa. Claro que a música é de todas as estações, mas o Verão é melancólico, arde. Pode ser preguiçoso, ou uma miragem: porque é no Verão que o Outono mostra os primeiros sinais, e a faixa que se segue neste disco pode ser associado a essa época. “You Make Me Sound” é o tema mais bucólico, mas não é, como alguns poderão afirmar, menos brilhante que os outros. Apenas menos cerebral, mais emocionante. Por fim, a faixa escondida representa uma incursão por ambientes mais experimentalistas, sem recurso a voz e por tudo isto a faixa menos indie de todo o disco. É, também, a menos formosa.