DISCOS
Lambchop
Ohio
· 13 Nov 2008 · 12:46 ·
Lambchop
Ohio
2008
City Slang / Nuevos Medios
Sítios oficiais:
- Lambchop
- City Slang
- Nuevos Medios
Ohio
2008
City Slang / Nuevos Medios
Sítios oficiais:
- Lambchop
- City Slang
- Nuevos Medios
Lambchop
Ohio
2008
City Slang / Nuevos Medios
Sítios oficiais:
- Lambchop
- City Slang
- Nuevos Medios
Ohio
2008
City Slang / Nuevos Medios
Sítios oficiais:
- Lambchop
- City Slang
- Nuevos Medios
A banda de Kurt Wagner assina um disco que passa pelos ouvintes leve, levemente, mas que os deixa de alma cheia.
Ouvir um álbum dos Lambchop é sempre uma experiência envolvente, que pode ser abordada de duas maneiras: com o volume alto e com volume baixo. No primeiro caso, faz-se um esforço por perceber as vocalizações melódicas mas sussurradas de Kurt Wagner (a sua grande imagem de marca), e a frágil (mas por vezes complexa) instrumentação, que passa quase sempre despercebida. Se mantivermos o volume baixo, a riqueza da música dos Lambchop – que, com as constantes mudanças de elenco, são mais um colectivo do que uma banda – ganha outro tom: ouvimos uns murmúrios longínquos de uma voz quente e rouca e ocasionais sobressaltos instrumentais, provenientes de uma trompa, de um piano, ou de um riff de guitarra. Estas duas opções estão em aberto em Ohio, talvez até mais do que nunca na carreira dos Lambchop.
Porém, este é um disco menos melancólico do que o anterior Damaged, com alguns momentos até upbeat, como “Sharing a Gibson with Martin Luther King Jr.” – um autêntico raio de sol no contexto do evangelho Lambchopiano. Porém, a introspecção está longe de estar ausente. Basta citar um dos versos da faixa-título (a primeira do álbum) para o constatar: “Green doesn’t matter / when you’re blue”, canta Kurt Wagner, num tema que, inicialmente, até parece ir a caminho da bossa nova, mas que termina em menos de dois minutos e meio, quase em suspenso. A maior parte das canções fala de amor, e na maior parte das vezes parecem ser amores frustrados. “Não há problema”, parece pensar Wagner, satisfeito com a beleza bucólica das composições da banda, elevada ao expoente máximo no single “Slipped Dissolved and Loosed”, um dos mais desarmantes temas já criados pelo colectivo de Nashville.
Por vezes, é difícil descodificar aquilo que é cantado: a voz crooner de Wagner é, basicamente, usada como um instrumento, e não como meio narrativo. A abordagem funciona bem no contexto das suas crípticas letras, que primam pela ambiguidade e pela literariedade. Instrumentalmente, a guitarra de Wagner funciona como propulsora de composições que levam, à falta de melhor, o rótulo de alternative country, e em que convivem rock, folk e jazz. Em Ohio, os Lambchop não fazem nada de muito diferente do passado, mas despedem-se com uma pequena pérola: uma cover do clássico “I Believe in You”, popularizado por Don Williams nos anos 1980, e que é despido dos maneirismos country mais conservadores, levando a canção até uma essência e pureza quase impensáveis. É nisto que os Lambchop são bons.
João Pedro BarrosPorém, este é um disco menos melancólico do que o anterior Damaged, com alguns momentos até upbeat, como “Sharing a Gibson with Martin Luther King Jr.” – um autêntico raio de sol no contexto do evangelho Lambchopiano. Porém, a introspecção está longe de estar ausente. Basta citar um dos versos da faixa-título (a primeira do álbum) para o constatar: “Green doesn’t matter / when you’re blue”, canta Kurt Wagner, num tema que, inicialmente, até parece ir a caminho da bossa nova, mas que termina em menos de dois minutos e meio, quase em suspenso. A maior parte das canções fala de amor, e na maior parte das vezes parecem ser amores frustrados. “Não há problema”, parece pensar Wagner, satisfeito com a beleza bucólica das composições da banda, elevada ao expoente máximo no single “Slipped Dissolved and Loosed”, um dos mais desarmantes temas já criados pelo colectivo de Nashville.
Por vezes, é difícil descodificar aquilo que é cantado: a voz crooner de Wagner é, basicamente, usada como um instrumento, e não como meio narrativo. A abordagem funciona bem no contexto das suas crípticas letras, que primam pela ambiguidade e pela literariedade. Instrumentalmente, a guitarra de Wagner funciona como propulsora de composições que levam, à falta de melhor, o rótulo de alternative country, e em que convivem rock, folk e jazz. Em Ohio, os Lambchop não fazem nada de muito diferente do passado, mas despedem-se com uma pequena pérola: uma cover do clássico “I Believe in You”, popularizado por Don Williams nos anos 1980, e que é despido dos maneirismos country mais conservadores, levando a canção até uma essência e pureza quase impensáveis. É nisto que os Lambchop são bons.
joaopedrobarros@bodyspace.net
RELACIONADO / Lambchop