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Pseudónimo é pseudónimo de bonita electrónica portuguesa
· 12 Dez 2009 · 00:22 ·


Deve ser curioso pensar no processo mental que leva os artistas mais ligados a estas coisas das máquinas, sintetizadores e afins escolher o pseudónimo com que se apresentam ao mundo. No caso de Ricardo Mestre, a escolha recaiu sobre o prosaico nome de... Pseudónimo. Veterano das noites CD-R, onde artistas que editam por netlabels apresentam os seus trabalhos diante de um público atento, Pseudónimo acabou de editar um novo EP pela editora alemã Broque, que pode ser descarregado aqui. Na sexta-feira esteve em concerto n'O Século (com Dusk At The Mansion, projecto seu com David Costa, e M3U), e acedeu a responder a algumas perguntas do Bodyspace:

Quem é o Ricardo Mestre músico? Que música o inspirou?

A música surgiu em mim como forma de expressão há cerca de dez anos. Na altura, não tanto como agora, ocupava a mesma porção de espaço que o desenho ou a escrita. Mas ao contrário destas, nascera a partir de um meio não analógico: um software de uma consola de videojogos que servia a criação de música electrónica. Pouco mais tarde, acheguei-me do computador e, logo, de software mais indicado. O Ricardo Mestre músico, portanto, respira e tem respirado dentro de uma placa de som.
A música que me inspira é variada e foi-se diversificando ao longo do tempo: da Pop, de um modo geral, passando pela experimentação electrónica IDM e Glitch, cruza-se com os ensinamentos atmosféricos de Brian Eno, dança com o Proto-Electro e Electro de Kraftwerk e Gary Numan, bem como o nascimento da House Music nos 80s, e firma-se sempre na música dos videojogos clássicos e nas revisitações 8bits / Chiptunes dos mesmos. Mais recentemente, o Italo-Disco tem-me também servido muito como inspiração.

Como surgiu a possibilidade de participar nas noites CDR? Que importância têm tido elas? Vês este concerto n'O Século como um passo para dar o salto?

Tomei conhecimento das noites CDR a partir de um amigo meu, ao cabo dos três meses de existência da iniciativa. Nessa altura, apareci e apresentei o que tinha para mostrar. Tornei-me assíduo: marquei sempre presença a partir de então. Depois de um ano e pouco, fui convidado pelo Manuel Calapez para juntar-me à organização do evento, da qual constavam também o André Santos e o Filipe Furão.
A Noite CDr permitiu-me mostrar e conhecer vários artistas com muita vontade e talento, como os Internal Sync, o Magau e o case.sentive. Devo à noite CDr grande parte do estímulo e do apoio sincero que recebi nos últimos para continuar a explorar as frequências da música electrónica.
Não encaro o live-act n'O Século como "o" passo para dar o salto, mas como um dos passos necessários à divulgação da minha música - também talvez por não ser o primeiro live-act que faço (enquanto Pseudónimo). Dou-lhe particular importância, no entanto, por estar incluído numa iniciativa criada por mim em torno de três projectos que tenho para mostrar.

Apesar das referência a Plaid e Plone no MySpace, percepciono nas tuas faixas uma ligação entre a progressão melódica de uma música techno, e uma electrónica mais intimista, delicada, diria mesmo "twee". São campos que te interessam juntar?

Plaid e Plone são algumas das minhas referências antigas, mas que ainda continuam presentes.
A melodia interessou-me primeiro mais do que a progressão maquinal tanto ou pouco suada da pista de dança. Na música de blip-blop-pum-tss que faço, os ritmos surgiram sobretudo como veículo sobre o qual conseguira assentar frases, versos melódicos. Só depois procurei o casamento entre ambas as coisas.
Há um lado de "canção" um tanto pop que gosto de tentar. Algumas das minhas últimas músicas resultam de um certa experimentação nesse plano. E, em última análise, o meu projecto Dusk at the Mansion, com David Costa, que amanhã também apresento em concerto, é talvez o maior reflexo disso mesmo.

Os interessados em saber mais sobre a música de Pseudónimo podem consultar este site.
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com

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