Feist
Hard Club, Gaia
26 Jul 2005
Adiado uma vez, adiado outra vez ainda, os concertos de Feist em Portugal pareceram ser alvo de um qualquer feitiço que impedia a canadiana de apresentar o seu novo disco em Portugal. Jesse Harris e os seus Ferdinandos não se conseguiram libertar do feitiço, mas Leslie Feist conseguiu e lá veio finalmente a Portugal mostrar as canções de Let It Die e talvez um pouco mais. Sabe-se que Feist começou numa banda punk chamada Placebo – não confundir nunca com os autores de Without You I'm Nothing – e que tocou também nos By Divine Right. Sabe-se que editou o seu primeiro disco a solo - Monarch (Lay Down Your Jeweled Head) - em 1999 e que estabeleceu uma improvável relação com Peaches. Sabe-se ainda que Feist se juntou aos Broken Social Scene para a gravação de You Forgot It in People e que Let It Die - o seu último conjunto de canções – foi editado em 2004 pelo selo Arts & Crafts. O que não se sabia era que Feist era tão conhecida quanto a casa quase cheia pareceu mostrar, pelo que é de todo legítimo perguntar: mas afinal de onde é que saiu aquela gente toda?
Cedo se tornou evidente (pela disposição do palco) que Feist subiu a palco sozinha para apresentar as suas canções. E assim foi. Acompanhada por uma guitarra que nunca ousou tirar, Feist partiu para um concerto que assentou obviamente em Let It Die, mas que mostrou também algumas canções do próximo disco e até duas canções que confessou ter composto precisamente no dia do concerto, inspirada pela cidade e pela comida. Mas outro dos factos que se desconheciam igualmente é o humor de Feist. Além de parecer sempre muito à vontade, Feist manteve sempre o contacto com a plateia, brincou com as flores que estavam junto do seu microfone comparando a situação com a das noivas que atiram o bouquet para trás das costas, comentou com a plateia que eles mesmos colocavam o “Porto” em Portugal e até simulou tocar death metal antes de apresentar “Mushaboom”, o tema (ora fresco, ora doce) que obviamente arrancou mais aplausos. Aí, Feist afirma: “But in the meantime I've got it hard / Second floor living without a yard / It may be years until the day / My dreams will match up with my pay ”. Mas não é só de “Mushaboom” que se faz a fama de Feist. Temas como “Gatekeeper” (que parecer querer romper pela manhã de qualquer estação do ano), “Secret Heart” - um tema original de Ron Sexsmith - ou o elogio fantasista do secretismo e da inocência ou a colorida “Inside Out” – um original dos Bee Gees, canção feita para servir de banda sonora a corridas pelos vales com o arco-íris bem visível – são recebidos com alegria. Em alguns desses temas, Feist é mesmo acompanhada por várias vozes da plateia que por vezes pareciam saber melhor a letra do que a própria Feist – em algumas situações Feist esqueceu-se do seguimento das histórias.
Apesar de não ter descoberto nada que se pareça com a pólvora, as canções de Feist parecem surpreendentemente frescas (“One Evening” é um dos muitos exemplos possíveis) e de fácil captura, e isso talvez esteja relacionado com a forma como mistura a folk com bossa nova e com a naturalidade e espontaneidade da sua voz. É com naturalidade que as suas canções parecem – embora possam não o ser na realidade – singles, e nem o facto de estar a tocar sozinha fez com que as parecessem mais desinteressantes do que em disco, ou seja, Feist ganhou com a simplicidade (embora confessasse numa das canções que sentia bastante a falta de Gonzalez, músico de quem se ouviram alguns excertos durante o concerto). Antes de sair do palco pela primeira vez, Feist ainda conseguiu fazer com que a plateia imitasse o som de pássaros calmos e de pássaros predadores.
Alguns entre os encores com que presenteou os presentes, Feist confessou que foi graças a Portugal que conheceu Erlend Øye e que foi daí – de um encontro curioso no Festival Número - que surgiu a oportunidade de emprestar a voz a um par de temas no último disco dos noruegueses, Riot on an Empty Street, e embora tenha confessado não saber muito bem como a tocar, apresentou “The Built-Up”, o tema que fecha precisamente o disco da dupla Erlend Øye e Eirik Glambek Boe. Com ar sincero, pediu desculpa pelos seis meses de atraso dos concertos, prometeu voltar em Dezembro para gravar um disco ao vivo e deixou desde logo o convite a todos os presentes e ainda fez desfilar alguns dos agradecimentos da praxe. O público, esse, estava naturalmente satisfeito e fez questão em mostrá-lo. Feist cumpriu, parecia feliz e isso notou-se durante todo o concerto. Talvez tudo isto seja o início de uma bela amizade.
Cedo se tornou evidente (pela disposição do palco) que Feist subiu a palco sozinha para apresentar as suas canções. E assim foi. Acompanhada por uma guitarra que nunca ousou tirar, Feist partiu para um concerto que assentou obviamente em Let It Die, mas que mostrou também algumas canções do próximo disco e até duas canções que confessou ter composto precisamente no dia do concerto, inspirada pela cidade e pela comida. Mas outro dos factos que se desconheciam igualmente é o humor de Feist. Além de parecer sempre muito à vontade, Feist manteve sempre o contacto com a plateia, brincou com as flores que estavam junto do seu microfone comparando a situação com a das noivas que atiram o bouquet para trás das costas, comentou com a plateia que eles mesmos colocavam o “Porto” em Portugal e até simulou tocar death metal antes de apresentar “Mushaboom”, o tema (ora fresco, ora doce) que obviamente arrancou mais aplausos. Aí, Feist afirma: “But in the meantime I've got it hard / Second floor living without a yard / It may be years until the day / My dreams will match up with my pay ”. Mas não é só de “Mushaboom” que se faz a fama de Feist. Temas como “Gatekeeper” (que parecer querer romper pela manhã de qualquer estação do ano), “Secret Heart” - um tema original de Ron Sexsmith - ou o elogio fantasista do secretismo e da inocência ou a colorida “Inside Out” – um original dos Bee Gees, canção feita para servir de banda sonora a corridas pelos vales com o arco-íris bem visível – são recebidos com alegria. Em alguns desses temas, Feist é mesmo acompanhada por várias vozes da plateia que por vezes pareciam saber melhor a letra do que a própria Feist – em algumas situações Feist esqueceu-se do seguimento das histórias.
Apesar de não ter descoberto nada que se pareça com a pólvora, as canções de Feist parecem surpreendentemente frescas (“One Evening” é um dos muitos exemplos possíveis) e de fácil captura, e isso talvez esteja relacionado com a forma como mistura a folk com bossa nova e com a naturalidade e espontaneidade da sua voz. É com naturalidade que as suas canções parecem – embora possam não o ser na realidade – singles, e nem o facto de estar a tocar sozinha fez com que as parecessem mais desinteressantes do que em disco, ou seja, Feist ganhou com a simplicidade (embora confessasse numa das canções que sentia bastante a falta de Gonzalez, músico de quem se ouviram alguns excertos durante o concerto). Antes de sair do palco pela primeira vez, Feist ainda conseguiu fazer com que a plateia imitasse o som de pássaros calmos e de pássaros predadores.
Alguns entre os encores com que presenteou os presentes, Feist confessou que foi graças a Portugal que conheceu Erlend Øye e que foi daí – de um encontro curioso no Festival Número - que surgiu a oportunidade de emprestar a voz a um par de temas no último disco dos noruegueses, Riot on an Empty Street, e embora tenha confessado não saber muito bem como a tocar, apresentou “The Built-Up”, o tema que fecha precisamente o disco da dupla Erlend Øye e Eirik Glambek Boe. Com ar sincero, pediu desculpa pelos seis meses de atraso dos concertos, prometeu voltar em Dezembro para gravar um disco ao vivo e deixou desde logo o convite a todos os presentes e ainda fez desfilar alguns dos agradecimentos da praxe. O público, esse, estava naturalmente satisfeito e fez questão em mostrá-lo. Feist cumpriu, parecia feliz e isso notou-se durante todo o concerto. Talvez tudo isto seja o início de uma bela amizade.
· 26 Jul 2005 · 08:00 ·
André Gomesandregomes@bodyspace.net
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