ETC.
DVD
Live
Cristina Branco
· 09 Jan 2007 · 08:00 ·
Live
Cristina Branco
2006
Universal
Cristina Branco
2006
Universal
Live
Cristina Branco
2006
Universal
Cristina Branco
2006
Universal
Cristina Branco imortaliza o acto de subir ao palco num DVD que elogia ao mesmo tempo Amália Rodrigues e a sua carreira. O fado do passado e do presente.
Sabe-se que o fado ganha especial magia quando cantado ao vivo. Ali, em palco, tudo se transforma; todo aquele ritual ganha uma nova dimensão, transcende-se. Cristina Branco, já com mais de dez anos de actividade, sabe isso. Os seus concertos são um bom exemplo desse sentimento de transcendência – quem a viu cantar ao vivo sabe disso. Tendo isso em mente, Cristina Branco decidiu editar um DVD de um concerto gravado em Julho de 2006, no teatro de Leiden (Leidsche Shouwburg Theater), na Holanda, país que sempre recebeu bem a fadista. Aquela que é uma das maiores vozes do fado actual decidiu imortalizar o ritual num DVD, a que decidiu chamar simplesmente Live.
Quase por orgulho e agradecimento decidiu faze-lo no país da sua estreia internacional, a Holanda. Cristina Branco é um daqueles casos em que o reconhecimento chegou primeiramente fora de portas e só depois regressou à casa-mãe – algo relativamente comum em território luso. E porque é impossível falar-se em fado sem se referir o nome de Amália Rodrigues, neste projecto, Cristina Branco centra as suas atenções no cancioneiro e na memória da voz mais reconhecida dentro e fora de Portugal. Afinal de contas foi ela que um dia a levou a adoptar o fado como forma de vida (que de outra forma teria sido dedicada ao jornalismo ao que parece), como forma de expressão individual; foi Amália Rodrigues que lhe pôs definitivamente o fado a correr nas suas veias, no seu sangue.
Ao longo de uma actuação que inclui dezanove temas (assim como o extra “Tudo isto é fado”), Cristina Branco presta elogio a Amália Rodrigues em canções como “Ai, Maria”, “Barco Negro”, “Trago fado nos sentidos” e “Estranha forma de vida”. Dedica-lhe claramente grande porção da sua devoção, da sua alma. Mas por entre a homenagem a Amália, Cristina Branco encontra espaço e tempo para elogiar outras “vozes”, como já tinha feito no belíssimo Ulisses, em 2005: “Sete pedaços de vento”, “Porque me olhas assim” e “Redondo vocábulo”, as duas últimas em formato ultra-intimista entre Cristina Branco e Ricardo Dias no piano – nestes momentos a magia sente-se em palco de forma muito especial. Antes, em “Navio Triste”, Vitorino é revisto com a beleza que já conhecíamos do mesmo Ulisses.
É então do bem conseguido balanço entre Amália Rodrigues e Ulisses que Live se faz. Mas com algumas surpresas (in)esperadas. Como extra, o holandês Robertjan Brouwer dirigiu um documentário onde acompanha Cristina Branco e a sua banda nos ensaios e demais preparações para um concerto em Guimarães e restante digressão. Mostra Cristina Branco no dia-a-dia, na vida real; torna transparentes algumas decisões técnicas dos temas a serem apresentados, a dinâmica de banda, a importância do pianista Ricardo Dias nos arranjos, os papéis de cada um no resultado final e até de um almoço com televisão ligada num jogo da selecção portuguesa no mundial 2006. Mas o melhor do documentário, em tom informal, é os momentos em que entrevista Cristina Branco e esta lhe revela os pormenores do seu fado: as suas origens, as suas opções, o fado desta nova geração, a portugalidade. Ao pegar pelo lado menos esperado, o documentário serve como curioso retrato a uma história que já merecia ser contada.
André GomesQuase por orgulho e agradecimento decidiu faze-lo no país da sua estreia internacional, a Holanda. Cristina Branco é um daqueles casos em que o reconhecimento chegou primeiramente fora de portas e só depois regressou à casa-mãe – algo relativamente comum em território luso. E porque é impossível falar-se em fado sem se referir o nome de Amália Rodrigues, neste projecto, Cristina Branco centra as suas atenções no cancioneiro e na memória da voz mais reconhecida dentro e fora de Portugal. Afinal de contas foi ela que um dia a levou a adoptar o fado como forma de vida (que de outra forma teria sido dedicada ao jornalismo ao que parece), como forma de expressão individual; foi Amália Rodrigues que lhe pôs definitivamente o fado a correr nas suas veias, no seu sangue.
Ao longo de uma actuação que inclui dezanove temas (assim como o extra “Tudo isto é fado”), Cristina Branco presta elogio a Amália Rodrigues em canções como “Ai, Maria”, “Barco Negro”, “Trago fado nos sentidos” e “Estranha forma de vida”. Dedica-lhe claramente grande porção da sua devoção, da sua alma. Mas por entre a homenagem a Amália, Cristina Branco encontra espaço e tempo para elogiar outras “vozes”, como já tinha feito no belíssimo Ulisses, em 2005: “Sete pedaços de vento”, “Porque me olhas assim” e “Redondo vocábulo”, as duas últimas em formato ultra-intimista entre Cristina Branco e Ricardo Dias no piano – nestes momentos a magia sente-se em palco de forma muito especial. Antes, em “Navio Triste”, Vitorino é revisto com a beleza que já conhecíamos do mesmo Ulisses.
É então do bem conseguido balanço entre Amália Rodrigues e Ulisses que Live se faz. Mas com algumas surpresas (in)esperadas. Como extra, o holandês Robertjan Brouwer dirigiu um documentário onde acompanha Cristina Branco e a sua banda nos ensaios e demais preparações para um concerto em Guimarães e restante digressão. Mostra Cristina Branco no dia-a-dia, na vida real; torna transparentes algumas decisões técnicas dos temas a serem apresentados, a dinâmica de banda, a importância do pianista Ricardo Dias nos arranjos, os papéis de cada um no resultado final e até de um almoço com televisão ligada num jogo da selecção portuguesa no mundial 2006. Mas o melhor do documentário, em tom informal, é os momentos em que entrevista Cristina Branco e esta lhe revela os pormenores do seu fado: as suas origens, as suas opções, o fado desta nova geração, a portugalidade. Ao pegar pelo lado menos esperado, o documentário serve como curioso retrato a uma história que já merecia ser contada.
andregomes@bodyspace.net
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