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Cantigas de Amigos em CD, quarenta anos depois
· 06 Fev 2012 · 15:13 ·


É hoje editado pela primeira vez em CD o mais raro e menos conhecido álbum de Amália Rodrigues. Cantigas de Amigos, lançado originalmente em 1971, junta viola e guitarra às vozes de Amália, Natália Correia e Ary dos Santos, em incursões pela poesia trovadoresca. Enquanto que as composições estiveram a cargo do Mestre Fontes Rocha (apenas o tema “Ermida de São Simeão” não é da autoria do guitarrista), as adaptações do Cancioneiro Medieval para português contemporâneo foram da responsabilidade de Natália Correia.

Mas o texto da contra-capa do álbum, escrito por Ary dos Santos, enquadra melhor tudo isto: «Era uma vez um livro muito bonito, que cheirava muito bem. Umas vezes a flores, outras vezes a urtigas. Mas a urtigas sadias. Tinha sido feito pela Natália Correia que o desenterrara de alfarrábios muito, muito velhos, com mãos de chama e de poeta. Escusado será, pois, dizer que o livro era de poemas. Eis senão quando, uma bela noite em casa da Amália, os tais poemas sairam das páginas e ganharam voz. Pareciam ervas dançando no meio da sala. O Fontes Rocha foi-os apanhando um a um e fez com eles um feixe de música. O Carlos, o Pedro e o Joel, ajudavam muito. E a Amália deu-lhes um nome como só ela sabe: Cantigas de Amigos. O resto? O resto foi apenas convívio e entendimento perfeitos. Às vezes, pela meia-noite, os poemas tinham fome e comiam sopa de coentros e arroz de bacalhau. O Rui e o João também apareceram e ficaram calados que nem ratos ao pé do Ribeiro, que é um mágico que sabe fazer música com luzes, enquanto este regia a orquestra. Depois, chegou a bruxa Maluda (que por sinal é bem bonita) a cavalo numa vassoura, com um pincel e uma tesoura. E zás, pôs-nos a todos na Idade Média. Parece uma história para meninos, é certo. Mas não é verdade que, no Natal, todos gostamos de nos sentirmos um pouco mais crianças? Ou anjos com caracóis de fios de ovos, como diz a Natália...»

Hugo Rocha Pereira
hrochapereira@bodyspace.net

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