ENTREVISTAS
Totally Enormous Extinct Dinosaurs
Tyrannosaurus Dance
· 08 Dez 2011 · 14:55 ·
"Garden" foi o ponto de partida para que os dinossauros começassem a dançar. Depois surgiram os EPs, e a pista foi tomada pelos rugidos de animais que se julgavam extintos, ainda que o nome nos diga o contrário. Orlando Higginbottom é o arqueólogo por detrás deste projecto que não se limita só a ressuscitar répteis como estilos da electrónica virada para o corpo: quer seja synthpop ou dubstep ou grime ou house ou misturas de tudo isto, nada escapa às garras de TEED. Nem Damon Albarn, que o convidou recentemente para fazer parte do projecto Kinshasa One Two, ao lado de gente como Actress e Dan the Automator. O dinossauro respondeu a algumas perguntas do Bodyspace antes de ir arrasar o Musicbox, depois de um primeiro concerto adiado.
Geraste uma quantidade considerável de interesse na tua música após lançares "Garden" no ano passado. Estavas à espera desse tipo de feedback?

Não, nem por isso. As pessoas estavam excitadas com a canção mas nunca esperei que se tornasse tão popular.

Ao mesmo tempo, criaste uma espécie de "reputação" à volta dos teus concertos. Achas que as pessoas só podem verdadeiramente sentir a tua música na pele em vez de ser em casa? (Bem, isso também é provavelmente a base da música de dança...)

Sempre quis fazer música de dança que funcionasse em casa tanto quanto numa discoteca. Mas também quis fazer algo de divertido com os concertos ao vivo e não ser um DJ.


Antes de dares concertos com o nome TEED, eras DJ. Que te parece mais complicado, ter de correr de um instrumento para outro durante um concerto ou organizar uma mix para uma noite de dança?

A diferença é que o concerto é flexível até um certo ponto, ao passo que com um DJ set podes sacar de qualquer disco se o quiseres pôr a tocar. Isto é ao mesmo tempo bom e mau, contudo. Basicamente, com os concertos não tens por onde fugir, as pessoas vão ouvir a minha música, quer gostem quer não.

És conhecido por não gostar de modas, não ficando preso a um estilo particular de música de dança. Como é que isto afecta o teu processo criativo? Acordas e pensas algo como «hoje vou fazer uma malha de drum n´bass»?... Ou são as tuas influências um caldeirão tão grande que te surge tudo facilmente?

É-me muito difícil dizer quais são as minhas influências... a não ser tudo, de alguma forma. Reparei recentemente que jogo com uma ideia na minha cabeça durante p´raí uma semana ou mais antes de a trabalhar em estúdio. Acho que isto é porque já comecei e descartei tantas faixas que, agora, tento ser mais económico.

Como foi trabalhar com o Damon Albarn, ao lado de muitos outros grandes músicos, no Kinshasa One Two? Como é que isso afectou - se é que o fez - o teu processo composicional? Foi radicalmente diferente de escrever as tuas próprias canções?

Foi muito diferente. Estávamos seis num quarto tipo caixa, com os nossos laptops e headphones e gravadores portáteis, já para não falar do país e da cidade onde estávamos. Todos se apoiavam e encorajavam uns aos outros e tenho a certeza de que todos tiveram ideias bastante diferentes do que lhes é costumeiro. Foi um verdadeiro desafio, mas acho que é um álbum bastante especial.

E, claro, tens de pensar no teu próprio longa-duração. Tens trabalhado nele desde o ano passado e era suposto ser lançado este verão, mas (corrije-me se estiver enganado) foi adiado para 2012. Foi por teres mudado de editora, ou estavas insatisfeito com o trabalho até então realizado?

É mais porque andei a dar tantos concertos, este ano fiz bem mais que cem concertos e isso retira tempo para compor. Quero começar a compor o próximo agora mesmo.


A Tua mudança para a Polydor foi algo em que tiveste de pensar muito bem, considerando que hoje em dia os músicos estão cada vez mais a adoptar uma postura DIY na forma como querem promover a sua música? (É algo que vai igualmente de encontro à tua postura de não seguir modas?)

Será que os músicos estão a adoptar mais essa postura? Não será mais um caso de cada vez se usar melhor a internet? As pessoas têm concepções estranhas das grandes editoras - estas são tão DIY, caóticas e na vanguarda como as independentes, pela minha experiência. Claro que, obviamente, têm muito dinheiro, mas isso é porque a Rihanna é boa no que faz.

Como tem sido esta tour? As pessoas têm reagido da maneira que deveriam (i.e. não ficam sentadas na pista de braços cruzados)? Há alguma noite que queiras destacar?

A tour tem corrido bem, vim agora de uma viagem agitada onde percorremos Viena, Berlin, o Transmusicales [em Rennes] e Madrid em quatro dias. Correram todas muito bem, felizmente.

Qual é a tua espécie favorita de dinossauro e como é que se relaciona com a música que fazes?

Aí já não te posso ajudar...
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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