DISCOS
Lou Reed
New York
· 11 Ago 2002 · 08:00 ·
Lou Reed
New York
1989
Sire


Sítios oficiais:
- Lou Reed
- Sire
Lou Reed
New York
1989
Sire


Sítios oficiais:
- Lou Reed
- Sire
Lou Reed teve uma adolescência difícil, por volta dos 17 anos os seus pais enviaram-no para o psiquiatra para expulsar quaisquer sintomas de homossexualidade. Esse receitou-lhe tratamentos de electrochoque durante o período de oito semanas. Foi por essa altura que Lou Reed escolheu então a liberdade de expressão e a capacidade de fazer o que queria como a principal motivação da sua vida.

Mais tarde o seu génio seria-nos totalmente mostrado em parceria com John Cale, na banda que fundou a modernidade do rock, os Velvet Underground. Devido ao pouco reconhecimento da banda por parte do público e dos media, Lou Reed decide abandonar os Velvet Underground em busca de voos mais altos. Estreia-se a solo no débil álbum homónimo “Lou Reed”, em 1972, o mesmo ano em que David Bowie lançaria o seu “Ziggy Stardust”. É precisamente esse David Bowie que viria a colaborar num dos melhores álbuns de Lou Reed “Transformer”, o mesmo David Bowie que venerava os Velvet Underground e Lou Reed e que tinha finalmente a oportunidade de trabalhar com ele (numa vez sem repetição). Em 1989 e passados muitos álbuns editados, surge “New York”.

Nova Iorque, a cidade que viu conhecer musicalmente Lou Reed, via agora um álbum dele a conhecer o nome da cidade. A mesma cidade que renegara aos Velvet Underground a mediatização (o centro das atenções estava na West Coast), mas que acabaria por tornar a banda no modelo do rock feito em Nova Iorque.

A voz de Lou Reed não é de facto a melhor, mas ao ouvirmos o álbum temos a certeza de que qualquer outra não teria nestas canções um resultado tão bom. Os temas são todos escritos por ele (à excepção de “Beginning of a Great Adventure”), e nota-se em todo eles uma honestidade notável e uma escrita “terra a terra”. As canções mostram-nos diversos retratos de uma Nova Iorque que sofreu o impacto do AIDS, em “Halloween Parade” ou o ciclo vicioso do abuso de crianças, em “Endless Cycle”. Mesmo quando Lou Reed olha para dentro de si, fá-lo com um humor e perspicácia admiráveis. O tema que encerra o álbum “Dime Story Mystery” é um interessante elogio e tributo a Andy Warhol, seu patrão dos tempos dos Velvet Underground. A música neste álbum consegue ser tão brilhante quanto o são as letras, e este é um álbum de guitarras quase sem par. Mike Rathke tem nesse campo um papel fundamental.

Produzido e gravado com recurso a muito poucas pessoas (entre músicos, engenheiros e produtores contam-se apenas seis pessoas) este é um álbum que se encontra, em conjunto com “Transformer”, entre os melhores da carreira de Lou Reed a solo.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net
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