Que fazemos quando o amor nos chama? Abrimos a porta. Assim é com os Solar Corona, que após três EPs chegaram finalmente ao seu álbum de estreia, Lightning One. A primeira presença do amor vem sob um formato doom, antes de se apegar ao seu primo mais psicadélico - mas não menos charrado. "Love Is Calling". Está tudo ligado: estes riffs, esta história, esta música.

Lightning One soa ao mesmo tempo a uma prova do crescimento dos Solar Corona ao longo destes anos, e da sua enorme capacidade para unir todas as pontas mais ou menos soltas do rock n' roll. Dir-se-ia que a banda de Barcelos estudou bem os seus antecessores e não optou por nenhum em particular, englobando todos os particulares estilos que os alimentaram ao longo de uma vida melómana. Como única batuta, o psicadelismo - um psicadelismo fresco que não cai na monotonia básica.

Em "Rebound", um saxofone paira sobre um momento assaz Pink Floydiano, como se aquele great gig fosse não no céu mas na praia e nas águas do Cávado, antes de dar origem à fúria thrashy de "Drive-In", que é mais um drive-by shooting (com guitarras, claro) do que outra coisa. Para final, os Deuses Eléctricos reservam a poderosa "Gold Ray", onde novamente o saxofone dá corpo à ânsia da viagem interminável. Prostrem-se. Eles não admitem idolatrias falsas.