O título do disco de estreia da espanhola Aries é um título enganador. Sim, é verdade que há alguma ilusão em La Magia Bruta mas está longe de ser bruta no sentido da força (porque é um disco delicado); talvez seja um disco de fantasia em bruto, porque se escrevem aqui as primeiras páginas da vida musical de Isabel Fernández Reviriego enquanto Aries, agora que trocou Madrid por Vigo.

La Magia Bruta é um disco de pequenas canções na sua duração (a maior não chega aos três minutos e uma boa parte não chega ao segundo) e na instrumentação. A voz de Isabel Fernández Reviriego, ao natural ou envolta em efeitos milagrosos, enche o disco todo (num bonito castelhano) e assenta invariavelmente bem numa cama de percussões variadas, guitarra espanhola e até castanholas. O resultado é não raras vezes hipnótico e quase sempre belo.

La Magia Bruta é obviamente ainda um trabalho de descoberta, de apalpar do terreno, de auto-conhecimento. Mas lança óptimas pistas para um futuro que pode estar mais próximo do que aquilo que parece. Uma canção como “Lo que no eliges”, para dar um exemplo, no seu suave tropicalismo pop, permanece no cérebro durante algumas horas após a sua audição. Mas não é caso único.