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10: |
Burial Untrue |
Hyperdub / Flur |
Poder-se-ia acreditar que depois de Burial (2006) que haveria pouca margem de manobra sonora para um segundo disco, especialmente preparado em t�o pouco tempo. Mas resposta n�o tardou. Untrue mant�m os princ�pios do disco inaugural (atmosferas densas e sombrias, fantasmas soul que vocalizam amarguras, geometrias 2-step exactas) sem que para isso se conclua que � mais do mesmo. H� elementos transg�nicos que s�o subtilmente introduzidos na matriz. Burial baralha a tabela peri�dica com a preocupa��o de n�o desencadear reac��es qu�micas explosivas. Trabalha obsessivamente na sua m�sica madrugada fora. � perfeccionista quando tem no��o que tem em m�os um som �nico n�o s� rever�nciado pelo p�blico dubstep, como tamb�m por uma massa de gente que supostamente nem lhe deveria achar o m�nimo de gra�a. Untrue � sem d�vida sombrio e fantasmag�rico, mas tamb�m iluminado e transversal. Rafael Santos
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9: |
Thurston Moore Trees Outside the Academy |
Ecstatic Peace / Ananana |
Thurston Moore n�o p�ra quieto: fundador de umas mais aclamadas bandas indie-rock de sempre, os Sonic Youth, arranja tempo para ser padrinho e colaborador da cena underground, dono de uma editora e at� cr�tico de m�sica. � beira dos 50 anos (n�o parece, pois n�o?), resolveu lan�ar o seu segundo disco a solo (a primeira experi�ncia, Psychic Hearts, datava de 1995). Em Trees outside the Academy, Moore prossegue o caminho trilhado pela sua banda entre Murray Street e Rather Ripped, centrando-se mais em can��es e quase nada em divaga��es. O guitarrista deu-se ainda ao luxo de estar muito bem acompanhado em est�dio: Samara Lubelski (o seu violino pontua quase todas as faixas, acrescentando uma textura que em �Never Light� chega a ser espantosa), J Mascis, Christina Carter ou o companheiro youthiano Steve Shelley ajudaram a construir um �lbum despretensioso, fluido e at� melanc�lico, que n�o pode ser visto como uma pe�a menor. João Pedro Barros
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8: |
Jens Lekman Night Falls Over Kortedala |
Secretly Canadian / Flur
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A noite cai muito cedo na pequena localidade de Kortedala, em Gotemburgo. Este ano, essas pacatas paragens foram objecto de uma visibilidade inesperada gra�as � mente irrequieta do seu mais ilustre habitante. Quando em 2004 Jens Lekman lan�ou ao mundo o repto When I Said I Wanted To Be Your Dog, muitos retiveram a sua habilidade de produzir belas can��es, mas talvez n�o projectassem neste jovem o talento que Night Falls Over Kortedala p�e em evid�ncia. Entretido a contar hist�rias de diversos personagens, inclusive da vizinhan�a, Lekman foi cosendo as suas linhas com uma mestria desarmante. Nas suas pe�as aplicou uns m�gicos pozinhos de perlim-pim-pim (feitos de estilo retro e belas orquestra��es) e o resultado est� � escuta. Em doze cap�tulos, o �ltimo registo de Jens Lekman transmite uma li��o de infinita dignidade ao universo estafado da pop. Eugénia Azevedo
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7: |
!!! Myth Takes |
Warp / Vortex |
Louden Up Now, editado em 2004, foi uma bomba que explodiu nas m�os e cora��es de muita gente. Tanta coisa se passou entre esse ano e 2007 mas quem viu no segundo disco dos !!! uma cura para todos os males ter� sentido na pele a chegada muito aguardada de Myth Takes. Nic Offer continua a liderar um dos ensembles mais funky dos nossos tempos. Myth Takes encapsula alguma da m�sica mais en�rgica (e energ�tica) que 2007 teve a oportunidade de receber. Tanto sexo, tanto suor, tanta magia. �Heart of Hearts� � mais perigosa do que qualquer coisa que se possa imaginar. Se j� era bem evidente h� uns anos atr�s, hoje continua a s�-lo: da fornada revivalista que nos atingiu nos �ltimos anos os !!! s�o uma das poucas bandas em que podemos confiar a 100%. André Gomes
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6: |
The National Boxer |
Beggars Banquet / Popstock! |
Se Alligator (2005) era um conjunto de momentos mais ou menos relevantes, alguns realmente admir�veis e outros de que a mem�ria n�o se ocupa, Boxer � um acto quase cont�nuo onde, de quando em quando, se destacam instantes cuja beleza parece desafiar a assun��o do que, momentos antes, julg�vamos ser o belo. Somam-se batidas assanhadas �s guitarras pesarosas, uma voz que se acha encharcada em prosa de rendilhado fino, um perfil discreto, e uma certa incerteza face a tudo o que fazem. As can��es dos National s�o, afinal, sobre essa incerteza; afastam-se, desligam-se, pedem desculpa. Boxer n�o instiga; antes pega no controlo remoto, acomoda o corpo e diz-nos que tudo passar�. Samuel Pereira
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5: |
Radiohead In Rainbows |
XL Recordings |
Amados e odiados, os Radiohead s�o uma das maiores bandas dos �ltimos 25 anos e por isso � natural�ssimo que um novo disco fa�a mover montanhas. Ainda por cima, In Rainbows n�o � um disco qualquer no seu formato. Lan�ado em MP3 com um mediatismo qb, In Rainbows tornou-se imediatamente no centro das aten��es. Felizmente o conte�do n�o desilude. Mais consistente do que Hail to the Thief, o s�timo �lbum de uma carreira quase intoc�vel � um resumo evidente dos melhores momentos que os Radiohead conseguiram em todos estes anos. �15 Step�, �Bodysnachers�, �Weird Fishes/Arpeggi�, �All I Need� e sobretudo �Reckoner� fazem de In Rainbows um dos melhores conjuntos de can��es do ano. � por estas e outras que os Radiohead s�o um porto seguro de muito boa gente. André Gomes
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4: |
Animal Collective Strawberry Jam |
Domino / Edel |
Injusto seria deixar de referir que as mais mornas reac��es a Strawberry Jam devem-se principalmente ao facto de serem praticamente insuper�veis as expectativas geradas por uns Animal Collective sem os quais a primeira d�cada no novo mil�nio teria sido uma temporada de menor arrojo para a pop que o quer ser independentemente da forma e estrutura. Quando se acumula em curr�culo pe�as-chave como Sung Tongs e Feels (ambos discos do ano em anteriores balan�os do BS), � quase inevit�vel uma banda ver-se ref�m de si mesma quando fica aqu�m do transcendental. Strawberry Jam n�o toca esse estabelecido ponto, mas consegue, mesmo assim e muito naturalmente, atribuir felizes e renovadas utilidades a pe�as de report�rio t�o determinantes quanto obscuras - da� que se descubra, entre os seus ingredientes silvestres, o plaus�vel aspecto todo-o-terreno de "Fickle Cycle", a repeti��o empilhada em mural de "People" e a euforia natal de "Baby Day". Tais invoca��es s� legitimam a afirma��o de Strawberry Jam como sequela estimulada pela peculiar l�gica dos Animal Collective. Toda essa ser� sempre bem-vinda. Miguel Arsénio
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3: |
Panda Bear Person Pitch |
Paw Tracks |
Quem percorra habitualmente a Rua da Escola Politécnica, ali entre o Príncipe Real e o Rato, há-de provavelmente qualquer dia se cruzar com um americano de boné chamado Noah Lennox. A pose descontraída não faz prever que o jovem adulto que se passeia pelo coração de Lisboa seja o autor de um dos mais brilhantes discos de pop drogada alguma vez produzidos. Os 12m30s de duração não impedem que "Bros" seja o mais (inesperadamente) viciante single do ano - e por causa disso passamos metade do ano a cantar "I’m not trying to forget you, I just want to be alone". Na era da facilidade digital Person Pitch é uma preciosidade manufacturada, um compêndio do psicadelismo à base de samples. Irmã mais nova do unânime Feels, a pop torta deste disco não anda longe do conceito de genial. Nuno Catarino
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2: |
M.I.A. Kala |
XL / Popstock! |
Para que n�o haja d�vidas: a diversidade � uma das mais-valias de Kala. Representa a irrever�ncia da sua autora, que n�o resiste �s palavras fortes para transmitir mensagens politicas. Representa uma viagem que a levou aos quarto cantos do mundo (India, Trinidad, Jamaica, Austr�lia e Jap�o) numa demanda espiritual. Representa um lado selvagem e agressivo que ao mesmo tempo deseja veemente a gl�ria e a vingan�a. � uma m�sica irrequieta e festiva que n�o poupa nem no �cravo� nem na �ferradura�. Ou n�o fosse o �mpeto tribal Tamil uma marca no c�digo gen�tico de M.I.A. e simultaneamente um elemento fundamental na transforma��o de muitos dos elementos pop em lan�as eficazes. Kala � uma das marcas de autor mais originais do ano. Por isso mesmo a posi��o como um dos 3 melhores de 2007 � mais que merecida. Rafael Santos
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LCD Soundsystem Sound of Silver |
DFA / EMI |
O fogacho punk-funk j� l� foi, mas os LCD Soundsystem assinaram o disco do ano, segundo a redac��o do Bodyspace. Sound of Silver � pop do novo mil�nio no seu melhor: s�mula e reflexo do que est� para tr�s, indicador do tempo presente e - especulamos - do futuro. A rudeza de "Yeah" j� l� vai (foi um grito, j� est� dado), mesmo que "Watch the tapes" e "North american scum" ainda partilhem da mesma urg�ncia. Mas � em temas como "Someone great" (perfeita para a quadra natal�cia) e a p�rola "All my friends" que o segundo �lbum dos LCD Soundsystem revela uma banda sem prazo de validade, autora de hinos intemporais. Pedro Rios
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