Silva
Theatro Net Rio, Rio de Janeiro
29- Nov 2017
Com o disco ainda fresco, editado no final do ano passado, o cantor brasileiro Silva apresentou no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro, as canções ao vivo. Nesse disco o cantor reinterpreta canções de Marisa Monte, temas originais e músicas alheias gravadas e popularizadas pela cantora.
A banda subiu ao palco e Silva, além da voz, era também responsável pelos teclados (piano eléctrico e sintetizador). Ao seu lado estava um sólido trio instrumental: Rodolfo Simor (guitarra eléctrica), Jackson Pinheiro (baixo eléctrico) e Hugo Coutinho (bateria).
O concerto abriu com “Chuva no Brejo”, tema de Moraes Moreira gravado em 1975, a música que popularizou a expressão “Barulhinho Bom” (também título de um dos seus discos mais memoráveis). Seguem-se vários temas de Marisa: “Ainda Lembro”, “Na Estrada”, “O Bonde do Dom”. A interpretação de Silva é irrepreensível, a voz sempre no ponto, nunca falha, não arrisca uma nota ao lado, exibe profissionalismo. O entusiasmo do público é crescente.
Após este bom arranque entrou um bloco de temas alheios, com a interpretação de três temas lendários dos anos ’70 e ’80: “De Noite na Cama”, tema de Caetano Veloso (neste momento percebemos que a voz de Silva de aproxima muito do registo de Caetano); “O Que Me Importa” de Tim Maia (belíssima); “Acontecimento” de Hyldon (herói menos conhecido, é urgente dar atenção ao álbum “Na Rua, Na Chuva Na Fazenda”).
Seguem-se outros temas originais de Marisa: “Tema de Amor”, o obrigatório “Não é fácil” e “Pecado é lhe deixar de molho” (gravado pelos Tribalistas). “Nocturna”, um tema original (o único do disco), foi escrito em parceria com a própria Marisa – sobre o medo do escuro. Sempre no ponto, sem inventar, Silva recria a música Marisa de maneira simples e cuidada.
O grupo abandonou o palco e Silva ficou sozinho, agora acompanhado pela guitarra acústica. A solo interpretou três temas, naquele que tenha sido o momento mais belo de todo o espectáculo: “Sonhos”, original de Peninha e popularizada por Caetano Veloso (canção tão bonita sobre o afastamento de dois amantes, numa rara perspectiva racional, sensível e não dramática); “Amor I love you” (e desde a primeira frase “Deixa dizer que te amo…” que foi cantada em uníssono por todo o público); e “Bem Que Se Quis”. Se com a banda Silva se mostrava confortável, agora sem rede, apenas a guitarra e voz, Silva exibia segurança e elegância.
Regressou depois a banda e, com ela, a electricidade. Veio dose dupla de Novos Baianos: “Mistério do Planeta”, gravada por Marisa no seu clássico Barulhinho Bom, seguindo-se outro tema dos Baianos, “Eu sou o caso deles”. Alguns dos maiores clássicos de Marisa ficaram guardados para o bloco final, que juntou: “Eu Sei (Na Mira)”, “Beija Eu” (novo momento de aplauso entusiástico), “Verdade, uma ilusão”, “Infinito particular” e “Não vá embora” - a inevitável despedida, com toda a gente em pé e muito aplauso.
Silva não foi embora, ainda regressou para o encore. Houve mais um pouco de Marisa, com “Vilarejo” (outra canção obrigatória) e, fugindo do tema do concerto, foi buscar aquele que é o seu tema mais popular, “Feliz e ponto” (a capella, acompanhado por toda a sala).
Apesar do eixo ser a música de Marisa Monte, o espectáculo acaba por incluir temas de outros autores que a cantora foi repescando ao longo da carreira. Ouviu-se Caetano, Moraes Moreira, Tim Maia, Hyldon e Novos Baianos, concretizando assim uma rápida viagem transversal da história da música brasileira dos últimos 40 anos.
A escolha dos temas seria sempre discutível. De Marisa poderiam ter entrado outros temas, mas a escolha revelou-se globalmente equilibrada. De Silva, faltou o clássico “A Visita”, por exemplo, que poderia ter entrado no encore. Compreende-se a boa intenção de dar um espectáculo mais completo, abarcando várias facetas, mas a excessiva duração (duas horas!) acaba por cansativa, algo pesada, para o espectador.
As duas sessões esgotadas antecipadamente revelavam a grande expectativa do Rio com este espectáculo. Silva cumpriu e prometeu regressar em breve. Já não é apenas a promessa de um jovem cantor e compositor. Silva atira-se sem medo repertório alheio e cumpre com elegância e distinção. Confirmou-se definitivamente como um valor seguro e assume-se com a maturidade de um verdadeiro crooner.
A banda subiu ao palco e Silva, além da voz, era também responsável pelos teclados (piano eléctrico e sintetizador). Ao seu lado estava um sólido trio instrumental: Rodolfo Simor (guitarra eléctrica), Jackson Pinheiro (baixo eléctrico) e Hugo Coutinho (bateria).
© Luís Felipe Moura
O concerto abriu com “Chuva no Brejo”, tema de Moraes Moreira gravado em 1975, a música que popularizou a expressão “Barulhinho Bom” (também título de um dos seus discos mais memoráveis). Seguem-se vários temas de Marisa: “Ainda Lembro”, “Na Estrada”, “O Bonde do Dom”. A interpretação de Silva é irrepreensível, a voz sempre no ponto, nunca falha, não arrisca uma nota ao lado, exibe profissionalismo. O entusiasmo do público é crescente.
Após este bom arranque entrou um bloco de temas alheios, com a interpretação de três temas lendários dos anos ’70 e ’80: “De Noite na Cama”, tema de Caetano Veloso (neste momento percebemos que a voz de Silva de aproxima muito do registo de Caetano); “O Que Me Importa” de Tim Maia (belíssima); “Acontecimento” de Hyldon (herói menos conhecido, é urgente dar atenção ao álbum “Na Rua, Na Chuva Na Fazenda”).
© Luís Felipe Moura
Seguem-se outros temas originais de Marisa: “Tema de Amor”, o obrigatório “Não é fácil” e “Pecado é lhe deixar de molho” (gravado pelos Tribalistas). “Nocturna”, um tema original (o único do disco), foi escrito em parceria com a própria Marisa – sobre o medo do escuro. Sempre no ponto, sem inventar, Silva recria a música Marisa de maneira simples e cuidada.
O grupo abandonou o palco e Silva ficou sozinho, agora acompanhado pela guitarra acústica. A solo interpretou três temas, naquele que tenha sido o momento mais belo de todo o espectáculo: “Sonhos”, original de Peninha e popularizada por Caetano Veloso (canção tão bonita sobre o afastamento de dois amantes, numa rara perspectiva racional, sensível e não dramática); “Amor I love you” (e desde a primeira frase “Deixa dizer que te amo…” que foi cantada em uníssono por todo o público); e “Bem Que Se Quis”. Se com a banda Silva se mostrava confortável, agora sem rede, apenas a guitarra e voz, Silva exibia segurança e elegância.
Regressou depois a banda e, com ela, a electricidade. Veio dose dupla de Novos Baianos: “Mistério do Planeta”, gravada por Marisa no seu clássico Barulhinho Bom, seguindo-se outro tema dos Baianos, “Eu sou o caso deles”. Alguns dos maiores clássicos de Marisa ficaram guardados para o bloco final, que juntou: “Eu Sei (Na Mira)”, “Beija Eu” (novo momento de aplauso entusiástico), “Verdade, uma ilusão”, “Infinito particular” e “Não vá embora” - a inevitável despedida, com toda a gente em pé e muito aplauso.
© Luís Felipe Moura
Silva não foi embora, ainda regressou para o encore. Houve mais um pouco de Marisa, com “Vilarejo” (outra canção obrigatória) e, fugindo do tema do concerto, foi buscar aquele que é o seu tema mais popular, “Feliz e ponto” (a capella, acompanhado por toda a sala).
Apesar do eixo ser a música de Marisa Monte, o espectáculo acaba por incluir temas de outros autores que a cantora foi repescando ao longo da carreira. Ouviu-se Caetano, Moraes Moreira, Tim Maia, Hyldon e Novos Baianos, concretizando assim uma rápida viagem transversal da história da música brasileira dos últimos 40 anos.
A escolha dos temas seria sempre discutível. De Marisa poderiam ter entrado outros temas, mas a escolha revelou-se globalmente equilibrada. De Silva, faltou o clássico “A Visita”, por exemplo, que poderia ter entrado no encore. Compreende-se a boa intenção de dar um espectáculo mais completo, abarcando várias facetas, mas a excessiva duração (duas horas!) acaba por cansativa, algo pesada, para o espectador.
As duas sessões esgotadas antecipadamente revelavam a grande expectativa do Rio com este espectáculo. Silva cumpriu e prometeu regressar em breve. Já não é apenas a promessa de um jovem cantor e compositor. Silva atira-se sem medo repertório alheio e cumpre com elegância e distinção. Confirmou-se definitivamente como um valor seguro e assume-se com a maturidade de um verdadeiro crooner.
· 01 Dez 2017 · 10:31 ·
Nuno Catarinonunocatarino@gmail.com
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