Nate Wooley / David Maranha & Helena Espvall
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
24- Mar 2015
O trompetista Nate Wooley, um dos mais notáveis exploradores do seu instrumento da actualidade, a par de Peter Evans com quem também colabora, tem desenvolvido uma relação de extreita proximidade com Portugal. Tendo editado vários discos na editora Clean Feed (em duo com Joe Morris, com o seu sexteto, em várias formações) e na Creative Sources (Wrong Shape To Be A Storyteller), Wooley tocou e gravou com o grupo lisboeta RED Trio (registado no disco Stem, de 2012) e, mais recentemente, estabeleceu o trio Malus, com o baterista Chris Corsano e o contrabaixista Hugo Antunes.
Após ter actuado no aquário da ZDB com trio de Corsano e Antunes há poucos meses, desta vez Nate Wooley apresentou-se a solo em Lisboa, numa performance atípica para um explorador e improvisador com uma forte ligação ao jazz. O concerto teve lugar na sala do segundo andar da ZDB, um espaço mais fechado e escuro. A sala mostrou-se apropriada à performance, uma vez que se tratou de uma actuação austera e contida.
Wooley interpretou a solo, com o trompete, uma peça de Éliane Radigue, compositora francesa pioneira da música electrónica, que nos últimos anos se tem dedicado a compor exclusivamente para instrumentos acústicos. A peça consistia num único sopro, repetido de forma obsessiva, que ia evoluindo lentamente, aumentando de intensidade subtilmente. Pelo meio, Wooley introduzia pequenas variações no som, pela utilização da surdina ou objectos. Surpreendendo pelo contraste com a abordagem habitual de Wooley (músico com uma riquíssima diversidade de ideias e recursos técnicos), tratou-se de uma magnífica exibição de contenção e concentração.
Na primeira parte actuou a dupla David Maranha & Helena Espvall, apresentando o novíssimo disco Sombras Incendiadas - edição da label Three:Four, que tem lançado os últimos discos de Norberto Lobo, Riccardo Dillon Wanke e Filipe Felizardo. A dupla trabalhou uma muralha de sujidade drone, com o som dos seus cordofones (violino de Maranha, violoncelo de Espvall) processado com efeitos electrónicos num exacto ponto de saturação. Em absoluto contraste com a primeira parte minimal de Wooley, Maranha e Espvall incendiaram o aquário.
© Vera Marmelo
Após ter actuado no aquário da ZDB com trio de Corsano e Antunes há poucos meses, desta vez Nate Wooley apresentou-se a solo em Lisboa, numa performance atípica para um explorador e improvisador com uma forte ligação ao jazz. O concerto teve lugar na sala do segundo andar da ZDB, um espaço mais fechado e escuro. A sala mostrou-se apropriada à performance, uma vez que se tratou de uma actuação austera e contida.
Wooley interpretou a solo, com o trompete, uma peça de Éliane Radigue, compositora francesa pioneira da música electrónica, que nos últimos anos se tem dedicado a compor exclusivamente para instrumentos acústicos. A peça consistia num único sopro, repetido de forma obsessiva, que ia evoluindo lentamente, aumentando de intensidade subtilmente. Pelo meio, Wooley introduzia pequenas variações no som, pela utilização da surdina ou objectos. Surpreendendo pelo contraste com a abordagem habitual de Wooley (músico com uma riquíssima diversidade de ideias e recursos técnicos), tratou-se de uma magnífica exibição de contenção e concentração.
© Vera Marmelo
Na primeira parte actuou a dupla David Maranha & Helena Espvall, apresentando o novíssimo disco Sombras Incendiadas - edição da label Three:Four, que tem lançado os últimos discos de Norberto Lobo, Riccardo Dillon Wanke e Filipe Felizardo. A dupla trabalhou uma muralha de sujidade drone, com o som dos seus cordofones (violino de Maranha, violoncelo de Espvall) processado com efeitos electrónicos num exacto ponto de saturação. Em absoluto contraste com a primeira parte minimal de Wooley, Maranha e Espvall incendiaram o aquário.
· 26 Mar 2015 · 14:53 ·
Nuno Catarinonunocatarino@gmail.com
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