Pão + Filipe Felizardo + Hernâni Faustino / Rec Brutus
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
26 Jan 2012
Os Pão, trio de Travassos, Tiago Sousa e Pedro Sousa, contaram com a colaboração de dois músicos convidados para uma actuação especial no aquário da Rua da Barroca (já por lá tinham passado a abrir para o lendário Arthur Doyle). À habitual combinação de saxofones (do Pedro), teclado, harmónio e percussão (do Tiago) e da electrónica analógica (do Travassos), juntaram-se o contrabaixo de Hernâni Faustino e a guitarra eléctrica de Filipe Felizardo. Globalmente os dois convidados adaptaram-se ao conceito do grupo e souberam integrar-se na massa sonora. O trio transformado em quinteto praticou a sua habitual improvisação focada, de desenvolvimento lento, num crescente acumular de tensão.

Pão + Filipe Felizardo + Hernâni Faustino

O contrabaixo de Faustino (membro do RED Trio) foi particularmente feliz na integração no espírito do grupo, incorporando sobriamente uma camada extra à já de si densa massa dos Pão. Por outro lado, a guitarra de Felizardo (colega bodyspacer), também bem integrada a momentos, acabou por soar como o elemento membro mais à margem no quinteto. Foi da guitarra que saíram algumas das ideias individuais mais marcantes, contrastantes com as intervenções mais contidas dos saxofones (primeiro barítono, depois tenor) de Pedro Sousa ou das explorações electrónicas de Travassos. Embora pontualmente desencontrada, a nível global assistiu-se a uma boa cooperação entre todos.

Rec Brutus

A noite continuou com a estreia dos Rec Brutus no aquário ZDB. Este projecto combina a bateria transformada de Marco Franco (Mikado Lab, Tim Tim por Tim Tum, Pocketbook of Lighting, etc.) com os teclados de Manuel Mesquita (actor do filme A Espada e a Rosa, onde veste uma camisola vintage do Benfica). Entre linhas melódicas simples dos teclados e percussão criativa de Franco nasceu uma improv bruta, que por vezes evocava a nostalgia de bandas sonoras de jogos de computador de há vinte anos. A dupla produziu uma série de sons estranhos marcados pela brusquidão de processos, entrando em choque com a coerência que pontuou a primeira parte dos Pão. Se já tínhamos uma especial simpatia pelos Pão desde a sua actuação na Festa Bodyspace na Trem Azul (noite partilhada com os Sunflare), esta actuação veio solidificar esse estatuto.
· 31 Jan 2012 · 00:32 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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