DISCOS
Constantina
Jaburu
· 11 Set 2007 · 08:00 ·
Constantina
Jaburu
2006
Open Field / Peligro


Sítios oficiais:
- Open Field
- Peligro
Constantina
Jaburu
2006
Open Field / Peligro


Sítios oficiais:
- Open Field
- Peligro
Eixo Open Field / Peligro mostra mais um valor seguro do Brasil em disco de faces pós-rock.
O pós-rock parece ter caído bem às bandas brasileiras mais underground. Parece ser um dos caminhos mais apetecíveis para quem quer estar na periferia da música feita no Brasil. Os Hurtmold estarão à cabeça nesse território (muito graças a Mestro de 2004), mas existem outras bandas que, de forma mais ou menos distinta, seguram a bandeira do pós-rock, fazendo dele diferentes aproveitamentos. Os Constantina são uma dessas bandas, um colectivo de Belo Horizonte que se reuniu em 2003 com o intuito de, acreditando no myspace como fonte, “criar, experimentar, tocar, montar, mostrar”, numa lógica de intimismo colectivo.

O que se pode escutar nos primeiros momentos de Jaburu, “De encontro ao Acaso” são guitarras que se cruzam e entrecruzam para criar uma muito apreciável base onde se junta mais tarde percussão mínima mas esclarecida. O final do tema funciona como íman para guitarras em efeitos e algum ruído. A sensação de improvisação continua logo de seguida com “S/T02”, que aproveita a boleia paisagística para apenas se estruturar durante alguns momentos. “Treinando para ser chuva (versão 2)” irrompe no disco com alguma electrónica, teclados, guitarra e (aparentemente) uma melódica, criando linha melódicas dignas de registo. Perto do fim, pormenores ganham força num fade out ilustrativo da capacidade destes Constantina.

Para o final do disco estão guardados os dois temas mais longos: o primeiro com mais de 17 minutos, o segundo com quase 24. “Jaburu” é mais tropical e livre do que qualquer dos exercícios anteriores e tem como personagem principal a percussão, elemento que abre aqui claramente o caminho a guitarras e outros intervenientes. Aqui, mais do que nunca, fica patente que os Constantina trabalham sem rede de protecção. “5 de 25”, apesar de momentâneas invasões algo ruidosas, pauta-se mais pela exploração de elementos subtis, pelo aproveitamento sonoro do cosmos e ambientalismos vários. A longa e proveitosa exploração (uma marcha para o céu) fecha um disco onde os Constantina aproveitam todas as possibilidades do pós-rock e a abertura de uma das maiores gavetas musicais dos nossos tempos.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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