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Saigão ainda há-de ser Seoul outra vez
· 19 Abr 2019 · 19:40 ·


Confusos? Não estejam. Não vale a pena perscrutar os tomos de Geopolítica ou História à procura de referências sobre Saigão algum dia se ter chamado Seoul ou pertencido à capital sul-coreana. Esta reconfiguração da toponímia sudoeste-asiática só faz sentido se a olharmos pelo ponto de vista do produtor bósnio Mirza Ramic (Arms and Sleepers) e do seu novo projecto cujo nome, Saigon Would Be Seoul, aponta para essa alteração de status quo.

Se esta extremamente maleável geopolítica musical pode parecer complicada, o processo criativo que levou àquele que será, a 21 de Junho, o primeiro álbum desta nova vida de Ramic ainda o é mais. Everywhere Else Left Behind, de seu nome e graça, foi escrito na Alemanha, Letónia, Estados Unidos e República Checa e, para além do piano como peça central, dá-se a divagações que passam pelo jazz e música ambiente com paragem na Literatura para, através da voz de Sofla Insua, se ouvir excertos de Camus, Kundera e Ugreslc.

O primeiro single deste Everywhere Else Left Behind vê hoje a luz do dia. Chama-se “The One To Lose” e é uma espécie de homenagem ao pai de Ramic que perdeu a vida em 1993 durante a Guerra da Bósnia. Bósnia-Herzegovina que voltará a estar em destaque aquando da edição do álbum com o lançamento simultâneo de “To Tell a Ghost”, filme documentário realizado por Stefan Ehrhardt e Chris Piotrowicz que retrata a infância de Ramic na sua Mostar natal, o campo de refugiados onde viveu durante a guerra e, por fim, o regresso a solo pátrio enquanto adulto para fechar as feridas deixadas pelo Passado.

Eis Saigon Would Be Seoul (na realidade, o nome chega até Mirza Ramic através de um dos contos pertencentes à série "The Refugees" do escritor vietnamita Viet Thanh Nguyen) e a sua “The One To Lose”:



Fernando Gonçalves
f.guimaraesgoncalves@gmail.com

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