ÚLTIMAS
Luís Lopes apresenta a sua nova "Love Song"
· 09 Mai 2016 · 14:31 ·
© André Cepeda

O guitarrista Luís Lopes vai apresentar-se ao vivo no Teatro Maria Matos, no próximo dia 18 de Maio. Neste concerto será apresentado o seu novo álbum, Love Song - disco com edição Shhpuma Records. Em exclusivo para o Bodyspace, Luís Lopes apresenta-nos a sua canção de amor.

Como vai ser este concerto no Maria Matos? Será um típico solo de guitarra eléctrica, com "noise"?

Não, de todo! Isto é uma Love Song com guitarra limpa, embora semi-acústica, ligada a um amplificador. Uma construção melódica e metódica de notas. Pianíssimo!

Que material é este? Tem por base um tema/composição? Há improvisação, vai haver espaço para o "noise"?

Isto é uma canção de amor, uma história de amor limitada pelo seu início e fim, mas infinita no seu percurso. Uma peça de aproximadamente cinquenta minutos aos olhos do relógio convencional. Mas o amor, ou essa força misteriosa que chamamos de amor, não se mede ao segundo, aos dias ou aos anos. É eterno em si mesmo, onde tudo se funde, não se sabe onde um acaba e o outro começa. A Poesia. E a Poesia é isso mesmo, transcender os limites da pequenez da nossa fraca condição humana, neste mundo paradoxal de oportunidades perdidas. Sonhar. Imaginar. É possível! Mas, cada história de amor é um caso singular. Esta particular história é um jogo meio caótico entre improvisação e composição, intuição e organização, com imposição constante do fator casual e circunstancial. Uma cadência suspensa lenta, melancólica, de notas, escolhidas e interligadas sobre uma fórmula não convencional, uma rendição completa aos instintos mais primários do coração, o meu coração, a minha mente. Uma espécie de transe obscuro onde por vezes os momentos se podem desejar ou sentir uma eternidade, ou não… a felicidade… por vezes nos limites da loucura, e até do medo!

Onde se encaixa este teu novo trabalho, tendo em conta o teu material mais jazz (Humanization 4tet, Lisbon/Berlin Trio, etc.) e os solos "noise"?

Bem, antes de mais é um solo! Uma relação com a obscuridade da essência do meu mais profundo “Eu”, esse mistério. Os grupos têm que ver com a relação entre os membros da formação. E depois, ponto em comum, a forma como interagimos com tudo o resto que nos rodeia. Pelo menos na forma como eu assumo os meus grupos, em que sou “líder”. Ou seja, ter a completa consciência de que para construir aquilo que pretendo com os outros intervenientes depende totalmente das personalidades e características incontornáveis de cada um, que naturalmente escolho conforme o propósito pretendido. É esse o intuito de um grupo com liderança, o link. Pode ser tão importante e gratificante liderar ou servir, desde que se respeitem personalidades e integridades. Ou ter até a audácia um pouco perversa de nos tentarmos vergar à transcendência individual, coisa baseada num historial de confiança. E usar precisamente isso para a valorização da peça final, que é o que mais importa! Pensando exclusivamente nos solos, esta(s) Love Song(s) pode(m) conter a mais extrema violência, desespero, obscuridade, tristeza, solidão, loucura, etc, assim como o(s) “noise solo(s)” podem ser vistos de uma forma totalmente poética e bela. Tudo o que faz parte dessa abstração e mistério do meu interior. Pelo menos é assim que eu os sinto. A Arte contém todos os factores, incluindo a representação do “Mal” em si. Transcendência do(s) conceito(s) de beleza… e de todos os conceitos. Não é uma questão de música!
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

Parceiros