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DJ Tiësto colabora com um dos Sigur Rós e, consequentemente, viola a tua memória recente
· 14 Set 2009 · 21:46 ·

Lembras-te de 2001, pequenote? Lembras-te? Eram outros tempos. Mais simples. Osama Bin Laden era apenas um senhor excêntrico cujo nome era conhecido por dois ou três, muito antes de se transformar numa celebridade à escala mundial, saía o primeiro filme do Senhor dos Anéis, a década tinha acabado de começar, tu voltavas a usar os Chuck Taylor que tinhas guardado no armário durante grande parte dos anos 90, muito por culpa dos Strokes e começavas a reparar nos Sigur Rós por causa do Ãgætis byrjun. Lembras-te desses tempos bonitos? Agora já não queres saber nem dos Strokes nem dos Sigur Rós, nem sequer pensas "será que ainda lançam álbuns?", estás ocupado com assuntos que para ti são mais importantes.

Agora já não és pequenote e, deixa-me perguntar-te, sabes quem é o DJ Tiësto? Faz música que é não raras vezes ouvida em carros de tuning. É um daqueles tipos europeus com muito pouco bom gosto, daqueles DJs com nome como havia no eurodance dos anos 90. É um DJ e produtor, daqueles que ganham prémios do estilo "o melhor do mundo" e tu não percebes bem por que raio, porque até te ofende haver ranking desse tipo de merdas. Mas pensa bem no assunto: o gajo é o melhor no que faz e, tipo, é mil vezes mais tolerável que merdas tipo os She Wants Revenge ou essas cenas absurdas em que tu caíste nesta década. E agora o Tiësto (já não usa o "DJ" antes do nome) quer-te a ti, meu raio de luz, como fã. Sim, tu próprio. E pediu ajuda a alguns (ex-)amigos teus.

Vai lançar um disco chamado Kaleidoscope e os teus antigos heróis da Pitchfork, que deixaste de ler há uns anos porque, pensas tu, criaste uma personalidade própria, têm uma das canções. Está aqui. O seu nome é mesmo "Kaleidoscope" e tem Jónsi Birgisson, o vocalista dos Sigur Rós, a cantar. O disco também inclui participações de gente como Tegan and Sara (confessa lá, só gostas delas porque achas sensual que duas irmãs sejam gémeas e lésbicas ao mesmo tempo), a Emily Haines dos Metric/Broken Social Scene, o Kele Okereke dos Bloc Party ou a Kianna Alarid dos Tilly and the Wall. Tudo para te agradar. Lembra-te que não é novidade juntar indie manhoso e trance – ou lá o que é –, já que o Calvin Harris escreveu uma canção que começa por ser sub-Snow Patrol – se é que é possível ser pior que eles – chamada "I'm not Alone" que é salva por sintetizadores foleiros e uma batida que podia ter vindo do estúdio do Tiësto e lançou assim um dos melhores singles deste ano. Tão bom que até o Tiësto o remisturou.
Rodrigo Nogueira
rodrigo.nogueira@bodyspace.net

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