Com todo o falatório potenciado pelo fenómeno do Tumblr, a Kitty Pryde - nome sacado a uma super-heroína dos anos 80 - é uma teen-rapper vinda da Florida aparecida na sequência de uma Kreyashawn com um crush Danny Brown e uma canção que fala no Justin Bieber. Com todo um buzz peremptoriamente alimentado por sites como a Vice ou a Complex, Pryde pode ser vista como uma espécie de versão rap daquilo que foi a Taylor Swift aquando do seu primeiro disco, com todas as implicações que a idade tem para todo esse burburinho - algo que a própria faz por esconder, mas toda a gente sabe que ela deve andar pelos 16 anos. Algures entre o cloud rap de uns Main Attrakionz e uma candura twee, as canções da Kitty Pryde articulam um discurso pejado de platitudes com uma street smart bastante referencial, que parece encarnar de modo bastante fidedigno o paradigma de uma adolescente suburbana de classe média com alguma inteligência e auto-conhecimento.

No fundo, um fenómeno engraçado, que cresce exponencialmente às custas de uma cultura meme e sobre o qual se costuma debater em demasia vis a vis o real valor da coisa - com todo o inevitável backlash acoplado. Neste caso, e pese o facto de existirem aqui algumas boas ideias e um discurso interessante, não deixa de ser curioso como algo truncado num universo geográfico e geracional tão específico se consegue relacionar de modo tão transversal com um público aparentemente deslocado dessa mesma realidade. Mas tendo em conta como tudo isto existe somente na Internet, essas barreiras tendem a desaparecer, para dar lugar à descoberta incessante de uma nova voz que consiga capsular toda a vivência Web 2.0 de modo acutilante. De uma exposição efémera, mas com espaço para a evolução se as armadilhas do momento lhe permitirem espaço de manobra, aquilo que Pryde representa neste momento é apenas uma miúda de liceu a escrever com alguma perspicácia sobre assuntos mundanos e com boas produções a sustentar tudo isso. Nada mais :