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We Love 77: esteve em Londres, foi até Coimbra e agora vai para onde a quiserem. Suiça, talvez?
· 28 Dez 2011 · 00:18 ·


Victor Torpedo, Tédio Boys, 77, Parkinsons e Tiguana Bibles, artista plástico. Ao lado do artista suíço Jay Rechsteiner. Neste projecto Victor assina como Sardine, Jay assina como Tobleroni. O que dá, se as contas não nos falham, Sardine & Tobleroni. A exposição que conceberam em conjunto, We love 77, que elogia algumas figuras do punk, esteve em Londres, passou pelo Centro de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) e agora vai para onde a quiserem. Para perceber melhor os propósitos e contexto desta exposição – que é muito mais do que isso – falamos com Victor Torpedo que nos pintou o quadro perfeito de We Love 77.

Tiveste recentemente a exposição We Love 77 no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra com a exibição de alguns documentários. Que feedback tiveste desse ciclo e de toda a experiência?

A exposição We Love 77 foi uma experiencia muito bem sucedida… É óptimo ter este feedback positivo depois de todo um grande trabalho na preparação de um evento de tal dimensão. Feedback este que não veio só da parte dos visitantes, mas também, e com grande carinho e apreciação, da parte de alguns membros de bandas envolvidas no movimento punk (alguns deles mesmo retratados em tela), e esse feedback e sem dúvida importante como estimulo a continuação deste projecto.

A pintura e o punk parecem ser, à partida, parentes afastados. Esta é uma exposição de derruba também essa barreira?

Todos os grandes movimentos artísticos pelo contrário estão extremamente relacionados com o mundo da música e restantes planetas artísticos… Vídeo, literatura, etc. É difícil não fazer uma rápida ligação entre Andy Warhol e os Velvet Underground ou entre Patti Smith e Robert Mapplethorpe... No caso do punk essa relação ainda é mais intima, pois neste caso o ente criador da musica e da arte por vezes e a mesma persona... Pois muitas destas personagens icónicas deste movimento punk também mantiveram essa vida de dupla criação, pessoas como Poly Styrene (X Ray Specs), Gay Advert (Adverts), Knox (Vibrators), Adam Ant (Adam and the Ants), Paul Simonon (The Clash), etc. E as escolas de arte em Inglaterra tiveram um papel importante como nicho para a criação de algumas destas bandas e foi sem duvida um ponto de recruta de alguns destes indivíduos, pois muitas destas personalidades entraram para as escolas de arte com a única intenção de criar uma banda (pois qual seria o melhor sitio para encontrar outras pessoas com os mesmos interesses e gostos artísticos?)... Outro exemplo desta ligação tem a ver por exemplo com o uso de algumas venues na altura (como o famoso ICA-Instituto de Artes Contemporâneas) que foi sem duvida uma porta aberta aos novos sons da altura e a este novo movimento cultural... Só esta pergunta daria conversa para mangas… Mas esta ligação e extremamente forte.



Que outro género musical valeria a pena ser pintado, se algum?

Acho que todos os géneros musicais teriam o seu distinto direito as pinceladas de qualquer artista… Mas é sem dúvida mais interessante pintar algo com um passado relativamente recente para que haja uma comunicação directa com as pessoas envolvidas nos projectos, pois essa parte é que torna este tipo de projecto interessante e dinâmico, essa participação dos dois lados (do artista plástico para o musico).

O que nos podes contar acerca destes trabalhos?

Estes trabalhos são uma pequena síntese da nossa visão (Sardine e Tobleroni) desse grande mundo que e o punk... Usamos como escudo de protecção a ajuda da Mojo magazine (edicao Punk Smashers de 2005), a partir daí foi mais fácil pois a Mojo já tinha criado essa lista com as bandas que eles consideraram mais importantes deste movimento. Seguindo os passos desta lista deu-nos mais liberdade e ao mesmo tempo mais autoridade para responder a algumas das questões que a gente sabia que nos iriam perguntar, como por exemplo, “Por que é que pintastes esta banda e não esta? E por outro lado tentamos seguir vários parâmetros de imensa importância como a cronologia do movimento, a maior ou menor importância de algumas bandas no que diz respeito ao seu reconhecimento junto do grande público, e também a importância de algumas bandas por terem sido importantes devido à sua influencia na génese deste movimento. Por isso tivemos que ter em conta muitos pormenores mesmo antes de fazer uma colagem ou pintura para este projecto.

Qual é o próximo passo desta exposição?

Tentar levar a mensagem a todos os bons sítios que seja possível, pois o punk é uma linguagem global... Mas o importante é manter este tipo de programa como o que fizemos em Londres e Coimbra, tratar We Love 77 como um grande evento com exposição, passagem de filmes e documentários e concertos como forma de adoçar o evento. Mas tudo isto requer grande trabalho e consome enorme tempo. Mas penso que o próximo local para We Love 77 será Basileia, na Suíça, terra natal de Tobleroni.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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