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Documentário sobre o rock `n´ roll português Meio Metro de Pedra na estrada
· 25 Out 2011 · 23:29 ·


Começou em Outubro a exibição país-fora do documentário Meio Metro de Pedra, apresentado como uma “emissão independente sobre a contracultura do rock `n´roll em Portugalâ€. É assim: “Boa noite, sejam bem-vindos a mais uma emissão do Meio Metro de Pedra. O programa que todas as semanas vos conta as histórias que uma data de meninos e meninas andaram a fazer pelo rock do nosso belo paísâ€. O documentário tira o retrato ao rock `n´roll em Portugal desde o seu surgimento no fim da década de 50 até aos nossos dias.

Para contar esta bela história, Eduardo Morais, o realizador, foi falar com uma porrada de gente. A lista é longa (sim, vamos dar todos os nomes, isto é a internet, não é papel, e podemos fazer o que nos apetece): Daniel Bacelar, Os Diamantes Negros, Victor Gomes, Victor Queiroz (Electrónicos / Os Steamers, Madalena Iglesias, Filipe Mendes (Chinchilas / Heavy Band), João Alves da Costa (Jets), Luís Futre (Milkshake / Bee Keeper / Groovie Records), Edgar Raposo (Groovie Records), Óscar Martins (Aqui D´el Rock), Francisco Dias (Dawnrider / Blood & Iron), Eduardo e Nazaré Pinela (Emílio & a Tribo do Rum / Capitão Fantasma), Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta), Carlos Moura (Cães Vadios), Filipe Varejão (Cabeças de Gado), Henrique Amaro (Antena 3), Victor Torpedo (Tédio Boys / The Parkinsons / Blood Safari), Pedro Chau (The Parkinsons / Blood Safari), Rui Ferreira (Lux Records), Raquel Ralha (Belle Chase Hotel / Wraygunn), Suspiria Franklyn (Everground / Les Baton Rouge), Fausto da Silva (Rádio Universidade de Coimbra), Tó Trips (Lulu Blind / Dead Combo), Fast Eddie Nelson (Gasoleene / the Riverside Monkeys) e Nick Nicotine (Hey, Pachuco! / Barreiro Rocks).

Podem ver a lista de locais por onde este documentário vai passar nos próximos tempos no blogue oficial do documentário. E podem ler uma entrevista com o autor de Meio Metro de Pedra aqui em baixo, depois do teaser.



Como foi documentar a história do rock `n´ roll nacional desde 1950? Surgiram muitas barreiras, foi difícil chegar a essa informação?

O grande despoletar em termos mediáticos para o rock nacional pré-25 de Abril deu-se muito recentemente com o aparecimento das coletâneas “Portuguese Nuggetsâ€, sem dúvida. Quando eu iniciei (há cerca de dois anos) as pesquisas para este documentário, através da internet e muitas idas à Hemeroteca, etc. A informação sobre essas o rock dessas décadas já estava ao acesso de muitos.
Inclusivamente pelo Facebook, conseguem-se informações importantíssimas sobre certa altura ou banda, se se “percorrer†as pessoas certas. Aquilo não serve só para engatar miúdas e ver idiotas a cair de skate. Em termos de barreiras só mesmo as económicas é que foram assustadoras, pois o apoio financeiro atrasou-se bastante (só chegou há 3 meses), e como não quis fazer com que os intervenientes tivessem de esperar mais (visto que tinham sido convidados no início), sempre que conseguia uns trocos para pagar despesas de produção, pegava na Ãgata (Imagem) e no Fau (som), marcava uma entrevista em Coimbra ou no Porto, etc e faziamo-nos à estrada. Daí isto ter demorado um ano a ser filmado.

Quais foram as coisas mais surpreendeste que descobriste durante todo este processo?

Continuo a achar bastante anormal ler as “Plateia†(revista dedicada ao espectáculo, teatro, cinema, música) da década de 60, que era uma revista para as massas, e notar o apoio ou o destaque que eles davam às bandas/conjuntos emergentes nacionais. Maior parte das bandas nem discos tinham gravado.
Hoje em dia, um gajo abre uma revista de “música†e só destacam quem é que caiu em palco ou “mostrou as mamas†no novo videoclip. Essa diferença realmente surpreendeu-me.

Com quem gostarias de ter falado e não conseguiste?

Considero que há três pessoas que ficam mal de fora deste documentário: Júlio Isidro, Paulo de Carvalho e a Ondina Pires.

Não existe, de uma forma geral, um défice de documentários sobre a música feita em Portugal? Será que agora, como os Youtubes e Vimeos deste mundo, assistiremos a um aumento desses registos?

É bastante complicado criar documentários sobre a história da música nacional quando a maior parte do arquivo das próprias bandas pertence apenas a uma entidade que prefere ter esses documentos a apodrecer num canto do que os divulgar ao grande público.Com essas plataformas (Youtube, Vimeo, etc), está mais fácil “o propagar de projectos†e espero que muitos mais registos surjam para preservar a história musical que temos.

Que recepção esperas em Portugal a este documentário?

Nas vinte e tal exibições que este documentário terá pelo país, espero que a intenção deste projecto seja compreendida pelo público. Consegui criar um circuito que me dá uma maior aproximação com o público. Vou ter sempre comigo uma banca de discos de editoras portuguesas e umas folhas de sala com três textos (escritos pelo João Alves da Costa (Jets), Jimba (Afonsinhos do Condado) e Kaló (Tédio Boys / Bunnyranch) para que no fim do documentário possa ser vaiado ou cumprimentado pessoalmente.

Que realidade musical gostarias de documentar em seguida?

Já tenho o plano de começar um novo projecto no próximo ano, mas ainda está muito embrionário. Vou começar um documentário sobre coleccionadores de vinil inseridos no presente contexto musical.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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