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LIVRO
Lindo Sonho Delirante: 100 discos psicodélicos do Brasil (1968-1975)
Bento Araújo
· 03 Jan 2017 · 11:31 ·
Lindo Sonho Delirante: 100 discos psicodélicos do Brasil (1968-1975)
Bento Araújo
2016
Poeira Press
Lindo Sonho Delirante: 100 discos psicodélicos do Brasil (1968-1975)
Bento Araújo
2016
Poeira Press
Bento Araujo sonhou e transformou em livro um dos períodos mais ricos da história da música.
Na introdução a este livro, Bento Araújo introduz o período musical sobre o qual este se debruça procurando perceber as suas raízes para chegar á conclusão que “o Brasil é um país psicadélico por natureza”: “dizer que o Brasil estava apenas copiando o rock psicadélico produzido na Inglaterra e nos Estados Unidos da América é o mesmo que dizer que uma banda indiana de rock psicadélico estava copiando George Harrison ao inserir cítaras em suas composições. Assim como a música tradicional grega, turca, árabe, indiana e tantas outras que já possuíam nuances psicadélicas em sua essência, a música regional brasileira também possuía, seja na viola caipira, no baião, na percussão tribal, nos sons hipnóticos de um berimbau, ou de uma cuíca”. E isto diz muito acerca de como soa o psicadelismo com carimbo brasileiro. E o porquê da existência deste livro.

Depois de explicado o contexto, Bento Araújo parte para a listagem e descrição de 100 discos essenciais do psicadelismo brasileiro entre 1968 e 1975. Cada disco com a reprodução da sua capa, cada disco com um texto em português e inglês (com muita informação e também muitas curiosidades), alinhamento, data de lançamento e editora. Um luxo, portanto.

Entrar neste livro é entrar em algumas das obras mais enigmáticas da música brasileira: discos de Mutantes, de Gilberto Jil, Caetano Veloso, Gal Costa, Tom Zé, João Donato, Egberto Gismonti, Jorge Ben, Novos Baianos mas também obras menos mediáticas como Krishnanda, de Pedro Santos, os homónimos de Jards Macalé, Lô Borges, Satwa, Nelson Angelo e Joyce ou Arthur Verocai, No Sub Reino dos Metazoários, de Marconi Notaro, o primeiro e essencial Clube da esquina e, claro está, o obrigatório Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho. A transversalidade é também uma das vitórias deste livro.

O exercício é irresistível: peguem no índice do disco, recorram aos Youtubes ou Spotifys desta vida (melhor ainda, aos LPs e aos CDs a que possam deitar as mãos), e vão percorrendo cada um destes discos em toda a sua singularidade e importância. Mas guardem umas horas valentes para isso. Parece incrível mas é mesmo verdade: tudo isto aconteceu em apenas em oito anos. E é glorioso.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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