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Marcelo Perdido
10 músicas para se encontrar perdido


No vai e vem entra Brasil e Portugal, surge Marcelo Perdido a encantar os dois países juntos. É carioca, mas vive em Lisboa. E é de clima entre-oceânico que são feitas as composições para quem está perdido, e encontra uma hipérbole da sensibilidade nestas belas canções.

Bicho é o terceiro disco de Marcelo, que pretender fazer um para cada estação do ano. Já vamos em temperaturas baixas, mas este é ainda o Outono musical. O tempo passa rápido e costuma não avisar. Mas nós avisamos que Marcelo Perdido faz o seu primeiro concerto por cá amanhã, dia 14 de Janeiro, no Café au lait, Porto, às 23 horas, numa noite com o selo Bodyspace.
Como foi o teu começo com a música?

Começou na adolescência escrevendo canções, as primeiras mais de amor em inglês errado, depois canções mais políticas mas Ainda mérito ingénuas, tive diversas bandas nas quais eu só cantava e escrevia algumas letras que precisavam ser musicadas pelos amigos. Entrei na faculdade... Saí das andas e tive de aprender violão nesta fase justamente por não ter quem musicar minhas letras, foi assim que a vida de cantautor começou!

Quais foram as influências mais fortes na tua vida e na tua música?

Acho que isto é de fases. Mas acho o disco Tropicalia reúne uma turma que gosto muito: Caetano, Gil, Mutantes, Tom Zé, Jorge Ben. Diria também Belchior e uma turma nova do Brasil: Terno, Apanhador Só, Tatá aeroplano, Maglore, Baleia. Camelo e Amarante!



Bicho é o teu terceiro disco. Consideras que ele é o que mais te encontras musicalmente, ou perder-se é que é o caminho?

É o disco que mais me encontrei, de certa forma sempre produzi a 4 mãos, sendo eu e o produtor numa entrega muito grande... desta vez com o Sambado eu já tinha mais clareza do que eu queria, conversamos sobre o som, entendemos nossas possibilidades e fizemos o disco com uma sonoridade que me agrada muito.

Vejo uma imensa proximidade tua com a natureza. As composições estão directamente ligadas a isto?

Acho que sim... Tem uma coisa de tudo estar conectado, de equilíbrio, que nós devíamos aprender com a natureza.

Como foi que surgiu a maravilhosa canção "Bicho"? É uma perceção única do que é a natureza.

É exatamente sobre este equilíbrio que a natureza tem e o homem ainda não conseguiu alcançar. Este é um tema que canto deste o Lenhador (que é uma profissão necessária porém destrutiva) vivemos com estas "desculpas" que nos permitem sabotar a nossa e a vida dos outros animais em nome do progresso.

De onde veio a ideia de fazer um disco para cada estação do ano?

Veio da necessidade abrir e fechar um ciclo. Para poder avaliar ao final deste processo, se ser um cantautor me faz bem ou não. Então pensei nesta divisão que marca de uma forma tão bonita um ciclo de rotação do planeta!

Há quanto tempo moras em Lisboa? Já virou casa a sério ou é um tempo para criar também?

Faz um ano agora, já foi casa, foi também um tempo para criar. Vamos voltar para o Brasil um tempo este ano e dai para frente não sei.



O teu som é bastante brasileiro, mas também há outras influências, principalmente portuguesa. A vida lisboeta te influenciou também nas músicas?

Acho que sim, acho que aqui a coisa da canção é muito forte né? E eu pesquisei muito a Malta nova daqui ... me reconheci nas composições deles: Sambado, Severo, Benjamim, Samuel Uria... estes caras fazem música exatamente do jeito que eu gosto ... e eles ecoam música portuguesa.

O que podemos esperar do teu concerto no Porto, para além de matar as minhas saudades do Brasil?

Vai ter um foco no disco novo, e alguns momentos dos anteriores.. E uma participação do amigo Luca Argel pra matar a minha saudades do Brasil, devemos tocar uma surpresa juntos.

Pelo que vi, já tens lançada a primeira música (linda) do teu novo disco. Já há data para o lançamento do disco do verão?

Você deve estar falando de "torto", foi uma música feita meio de estudo de sonoridade pro Bicho, é uma maquete. Ainda não sei se ela entra no disco de verão ... Viver cá tem misturado as estações na minha cabeça ... O próximo deve ser lançado no verão de 2018 do Brasil acho (ou quem sabe no verão daqui neste ano, seria muito fixe voltar para os festivais de verão).


Matheus Maneschy
matheusmaneschy@gmail.com
06/01/2017