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LaBaq
A flutuante alma de Larissa Baq


Dona de uma das novas almas musicais que nascem pelo Brasil, Larissa Baq lançou o seu primeiro disco, que tem já um nome autoexplicativo: Voa. Um disco cheio de canções milimetricamente feitas para invadir as artérias dos nossos corações. São na verdade visões de vida, relatos e emoções. Extremamente exposta, mas sem fraturas, a brasileira entrega-se a cada letra e nós só agradecemos. Larissa Baq – resumindo, Labaq, o seu nome artístico - passará por Portugal no próximo mês de Novembro para apresentar o seu disco de estreia em concertos agendados para as cidades de Coimbra, Lisboa, Portalegre, Faro, Albufeira, Porto e Almada. E nós fomos falar com ela para saber o que nos espera.
Como foi o processo desde o lançamento do teu primeiro EP até o "Voa"?

​Foi de uma busca incessante por me encontrar de fato enquanto compositora, me encontrar enquanto instrumentista, já sabia o que e pra quem eu queria falar, só precisava descobrir como, sabe? E paralelo à isso, correndo pra poder viver de música independente​ no Brasil, então foram anos de muita maturação. ​

O disco todo parece-me muito pessoal, como se fosse mesmo uma conversa contigo. Os conceitos das canções são parte da tua vida?

É uma delícia poder saber que ele passa isso, pois é bem por aí que pensei que eu queria que ele chegasse para as pessoas, íntimo. É sim tudo muito parte da minha vida, poucas vezes consegui compor sobre algo que não estava se passando comigo ou com alguém muito próximo, a não ser quando componho por encomenda. Ando exercitando isso porém o disco é sim, todo saído da minha vida pessoal.

© Javier Fuentes

Acho "Quiça" a coisa mais linda que tens no disco. Consegues dizer-nos algo mais sobre a canção?

​Foi a primeira música que fiz aos prantos, num domingo à noite, depois de assistir "City of Angels" e me maravilhar, de novo, com aquela cena onde os anjos param pra ver o sol nascer e se por todos os dias. É bem um desejo de que as coisas sejam um pouco mais leves, principalmente nos dias tão difíceis que temos vivido, ela ainda me cai como um "respira, vai ficar tudo bem..." e fico feliz que ecoe da mesma forma pra muita gente que me escreve falando dela. <3 ​​​​

Como estás a sentir a recepção do público ao "Voa"?

​É meu primeiro disco e eu fiz com muito carinho, não poderia ser mais sincero, logo, se rolassem críticas dizendo que o disco era horrível eu só poderia sentir muito pois ele é o que sou musicalmente e sou mega feliz com o resultado. Rolou sim uma ansiedade pra saber o que achariam e recebi um feedback positivo demais, de crítica e de público. Chegar em um show em uma cidade que nunca estive e as pessoas estarem cantando as músicas, pra mim é o mais incrível.

O que te levou a ter um variação tão grande de ritmos num só disco?

​Eu confesso que não pensei em ritmos, tanto que não consigo nomear que ritmo é "Bocas" ou "Pule" por exemplo. O que pensamos foi em costurar as músicas com uma bateria que conversasse com o arranjo e não fizesse somente aquela "cama" de quase sempre. O mesmo para os outros instrumentos, foi muito orgânico o caminho.

© Javier Fuentes

E fora do disco, quem foi (ou ainda é) a tua maior influência musical?

​Sabe que não consigo citar uma só? Muita gente me influenciou, seja por postura enquanto artista, seja musicalmente, dá pra dizer que a Annie Clark é grande inspiração, a Britanny Howard do Alabama Shakes é uma figura que também me influencia, Joni Mitchell por muitos anos ouvia tudo dela repetidas vezes. Nirvana foi o que me levou a querer tocar guitarra, devo muitíssimo ao Kurt. [risos]. Do Brasil, Mutantes e seus experimentalismos, aquela coragem de fazer o que queriam sempre, independente de industria fonográfica alguma.

A tratar de música independente, lançar um disco e fazê-lo cruzar o oceano é acessível a todos os novos artistas?

​Sem dúvida não é. É um privilégio nos dias de hoje conseguir cruzar quaisquer fronteiras, cruzar oceanos e se sentir bem vinda então, é algo que me deixa extremamente honrada.

Dentre os novos talentos da música brasileira, quais são os que não saem da tua playlist diária?

​Baleia, Ventre, Rua do Absurdo, Far From Alaska, Baiana System, Cícero e uma lista sem fim que só cresce. <3

E há algum artista Português que te interessas em fazer uma parceria?

​Me apaixonei pela música da Surma e da First Breath After Coma. Sem dúvida vou buscar encontrá-los estando por aí, já estamos em contato e acho que nossos trabalhos dialogam em certos quesitos. Me encantou também o que faz o Tio Rex. Amo o Noiserv e também o Sam Alone.

© Javier Fuentes

Já agora, é a tua primeira vez em Portugal? Ou já consegues imaginar como uma segunda casa para os teus concertos?

​Será minha segunda vez em Portugal, a primeira passagem foi muito rápida, após tocar no festival Dia de Brasil em Barcelona em 2012, já com o EP. Digo que ando ansiosa para chegar, uma vez que já recebo alguns comentários em minha página sobre a série de shows que farei por aí, essa receptividade me chega aqui com muito carinho, espero sim fazer de Portugal uma segunda para para meus concertos. :)

O que todos podemos esperar da tua passagem por Portugal?

​Sinceridade. Música feita com alma por quem não poderia fazer nada além de música na vida.


Matheus Maneschy
matheusmaneschy@gmail.com
26/10/2016