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Do Amor
O pleno esplendor da juventude


Gabriel Bubu, Gustavo Benjão, Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes juntaram-se em 2007 unidos pelo rock. Eram já conhecidos desde os tempos dos estudos e por isso o entrosamento não terá sido difícil. Gabriel tocou com os Los Hermanos, Marcelo e Ricardo fazem parte da banda Cê, o grupo que acompanha muitas vezes o inevitável Caetano Veloso. E por isso o rock é coisa que lhes está no sangue. Os Do Amor levam já dois discos no bolso; dois discos de insistência no pleno esplendor da juventude. O terceiro vem já aí e conta com uma novidade importante: a banda construiu o seu próprio estúdio e foi ai que iniciou já o processo de gravação do sucessor de Piracema. A banda brasileira estará em Portugal esta semana para apresentar canções antigas e novas: esta sexta no Vodafone Mexefest, em Lisboa; sábado em Coimbra, no Salã Brasil; e domingo no Café au Lait, no Porto, num concerto com selo Bodyspace. Fomos falar com Marcelo Callado sobre tudo isto e muito mais
Comecemos então pelo princípio. Como nascem os Do Amor? O que despertou o vosso começo como banda?

Do Amor nasceu da necessidade de quatro amigos de longa data realizarem um projecto autoral como uma banda.

O nome da banda é obviamente algo curioso, algo que normalmente desperta atenção. Quem teve a ideia e porquê?

A ideia veio do Gabriel, depois de listarmos vários e vários nomes que vinham na cabeça. Gabriel tinha um pensamento de que seria bacana o nome da banda começar com alguma preposição (do, de, das, dos) e calhou de uma hora esse aparecer, e todos mais ou menos gostarmos.

Sabemos que gostam de misturar rock com outras realidades muitas vezes distintas. Como é que descreveriam a vossa própria proposta musical?

Acho que o desapego a qualquer classificação ou atitude muquirana.



Falem-me deste novo disco que aí vem. Sei que construíram o vosso próprio estúdio. Foi algo fundamental nesse processo? Nesse sentido, este disco foi completamente diferente dos dois discos anteriores?

Sim. Foi fundamental pois tínhamos muita facilidade em resolver rapidamente os lances. Chamamos nosso querido parceiro Igor Ferreira para pilotar as gravações e misturas, e definimos um repertório que abrangeu tanto músicas novas como músicas que ficaram de fora do Piracema. Aliás é um álbum mais conciso que o anterior, e com menos variações por segundo. Apesar de termos o estúdio, não tivemos o tempo grande de maturação de repertório do primeiro disco e do Piracema. Chegávamos para gravar pegando a musica na hora, no dia, era quase que uma musica por dia. Primeiro bateria, depois baixo, depois guitarras, vozes e no fim do dia tínhamos uma faixa pronta. Isso também é uma diferença, não gravamos ao vivo, como o Piracema, foi feito por partes. Outra é que, por enquanto, não temos nenhum convidado especial.

Sentem-se parte de alguma realidade musical no vosso país?

Realidade dos que não se sustentam com o próprio trabalho autoral.

Com que músicos e bandas brasileiros se identificam?

Isso é meio pessoal de cada integrante, mas posso assegurar três sujeitos que ambos os quatro somos fãs: Siba, Negro Léo e Rubinho Jacobina.



O Brasil trata bem os Do Amor?

Sim e não. De uma certa forma me lembro de sentir que num certo momento estivemos muito bem tratados numa época que as fronteiras começavam a ser abertas e os festivais pelo país brotavam a cada segundo. Parecia que havia a necessidade de se gostar de uma banda como a nossa e estávamos ali firmes e fortes em pleno esplendor da juventude. Quando essa onda diminui e outras começaram penso que começamos a ficar meio a margem do rio (seja lá de que for) que sobrou. Entretanto volta e meia ainda conseguimos um lugar ao sol, tamos aê!

E os Do Amor, como vêm a actual situação política, social e económica do país?

Pergunta boa. Não me atrevo a responder pela banda. Pensamos diferentes em relação a política.

O que é que sabem sobre Portugal e o que é que gostariam de saber?

Sei que rola a melhor loja de vinis da Europa, a Discoleção! E eu particularmente, gostaria muito de encontrar as meninas do Pega Monstro!


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
24/11/2015