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Suuns
O visceral não tem de ser bruto
Suuns, quando pronunciado rapidamente, pode soar a Swans. Os Suuns também, embora muito menos apoiados no ruÃdo e mais numa noção de ambiência retirada de filmes tão ricos em imagens psicopatas como os de David Lynch. Depois de se estrearem em 2010 com um EP e um disco intitulado Zeroes QC (sendo que Zeroes é a sua designação anterior) os Suuns encontrarem em 2011 um reconhecimento merecido: o NME, para muitos bÃblia, considerou-os a best new band deste ano que vai passar. Em semana de estreia por Portugal, sexta-feira no Musicbox, em Lisboa, e sábado em mais um Clubbing da Casa da Música, no Porto, os canadianos responderam as nossas perguntas. E não caiam no estereótipo: nem todos os Canadianos são bons.
Tal como disse Scroobius Pip, thou shalt not read NME ... mas a revista disse que vocês eram a melhor banda nova para 2011. Que acham disto? Foi surpreendente, normal, não querem saber?
É um verdadeiro elogio. Que se pode dizer? É sempre surpreendente quando és destacado, mas encaramos isso sem problemas, com alguma cautela.
Sendo que são mais populares na Europa que nos EUA, já pensarem em mudarem-se para cá?
Não de forma séria, mais fantasiosa. TerÃamos de ser muito mais populares para que isso fosse realista... Ou talvez não... Estamos nessa. Vamos a isso.
No vosso primeiro lançamento, o EP Zeroes , noto um sentido de urgência que não noto no LP do mesmo nome, mesmo havendo muito pouco tempo de lançamento entre um e outro. Vocês abordaram o vosso longa-duração com uma melhor ideia daquilo que queriam fazer, como queriam soar?
O EP foi a nossa primeira tentativa de gravar algo. As gravações do EP são significativamente mais velhas que a do LP, e foram gravadas por toda Montreal, no nosso espaço onde praticamos, em apartamentos de amigos, em escritórios... quando gravámos o LP tÃnhamos um estúdio a sério onde trabalhar, maior confiança, estávamos mais relaxados. Não tÃnhamos um conceito ou um som que quiséssemos alcançar. Apenas tentar com que as canções soassem bem e tocá-las com o mesmo intuito que tentamos sempre ter.
Como foi o processo de gravação? Houve alguma ideia que partisse do produtor?
ConhecÃamos bem o material por isso foi bastante rápido. Limitámo-nos a derrubá-los. TÃnhamos o Jace Lasek como engenheiro de som, e ele tem um bom ouvido. O nosso som misturou-se bem com a estética pessoal dele e acho que isso ajudou a música. Ele também gosta de grandes sons de bateria e guitarra, que é a nossa cena.
Também captaram a atenção imediata de uma grande editora (indie) como a Secretly Canadian. Que tal tem sido essa relação?
A Secretly Canadian tem apoiado muito as nossas ideias. Confiamos neles, o que é enorme. É bom ter connosco pessoas por detrás dos materiais de som que sabem bem do que falam.
Planearam disponibilizar o EP de forma gratuita no website deles logo à partida ou foi ideia da editora? Qual é o peso que acham que a internet tem tido no vosso sucesso?
O EP foi a primeira coisa que fizemos antes de conhecer alguém de alguma editora. Antes de lançarmos o LP decidimos tornar o EP gratuito para toda a gente. Ninguém sabia quem éramos. Que interessa guardá-lo para nós? A internet ajuda-nos da forma que ajuda qualquer outra banda. Não estamos muito activo na comunidade online , mas vamos ao Twitter de vez em quando. Cenas assim. Tentar julgar a influência da internet na nossa banda seria muito difÃcil.
Disseram antes que são influenciados pelas artes visuais, e as vossas canções são muito cinematográficas. Quais são as vossas principais influências nesse campo?
As canções à s vezes parecem pequenas imagens, estados de espÃrito, são para nós música muito visual. Não sei se existe alguém que tenha sido uma influência directa. Gostamos muito do David Lynch, o estilo dele é por vezes paralelo ao que fazemos musicalmente. Criar tensão a partir de coisas mundanas.
No que a isso diz respeito, ficaram satisfeitos com os vÃdeos de "Up Past The Nursery" e "Pie IX"? Acham que alguém que não tenha visto os vÃdeos e ouça os temas irá conjurar imagens semelhantes, ou deixam que as vossas canções sejam interpretadas como as pessoas quiserem?
Adoramos esses vÃdeos. São para nós pequenas vitórias. Muitos destes vÃdeos e outras coisas que fazemos à parte são ideias nossas, por isso testamo-nos a ver se conseguimos ter ideias porreiras e artwork que vá de encontro ao nosso estilo. Não acho que qualquer um dos vÃdeos mude a maneira como se pensa na canção.
Faixas como a "Disappearance Of The Skyscraper", "Arena" e "Pie IX", tal como a capa do disco, têm esta qualidade sinistra/quase assassina. Não estão a ir contra o estereótipo de que todos os Canadianos são pessoas amistosas e despreocupadas?
Lá porque somos Canadianos não muda o facto de que os Suuns são pessoas maléficas e cruéis.
Uma palavra que vos é muitas vezes associada é "minimalismo". Como é o vosso processo criativo? Tendo estudado jazz em escolas de música, a improvisação toma algum papel principal nas vossas composições?
Todo o processo de composição é, até certo ponto, improvisacional. Gostamos da escola minimalista. Trabalhamos com ideias musicais simples, juntamos a influência de diferentes tipos de música que conhecemos e adoramos, ao mesmo tempo que tentamos manter as nossas raÃzes no rock n´roll.
Qual é a melhor maneira de disfrutar de um concerto de Suuns ao vivo? Devemos sentar-nos e curtir a sinestesia, ou dançar até cair?
Como quiserem. Sigam o que sentem.
Quais são os vossos planos para 2012, antes do fim do mundo?
Novas músicas. Vamos descer fundo antes do apocalipse.
Paulo CecÃlio pauloandrececilio@gmail.com
01/12/2011