Fujiya & Miyagi
Aviso: Não sobrevalorizar a popularidade
À primeira vista, talvez poucos apostassem que estes ingleses se tornassem mais do que uma simples curiosidade no mundo musical. Compostos, hoje em dia, por quatro elementos, chegaram quase sem se dar por eles, e passo a passo têm construÃdo um culto à volta do mundo, à custa de uma sonoridade que tem sabido evoluÃr na continuidade, mantendo uma impressão digital claramente distinguÃvel por entre colegas de profissão. Com um nome composto por dois nomes japoneses que se tornaram parte da cultura pop, criam música apoiada num groove motorikado forte como um guindaste da Mecano, sobre o qual sobressai as voz sussurrada de David Best, os Fujiya & Miyagi têm sabido apelar ao movimento corporal e cerebral de forma cada vez menos envergonhada, sobretudo no caso da primeira. Já visitaram Portugal por três vezes, a última das quais este mês, na digressão de apoio ao mais recente Ventriloquizzing, onde o seu som ganhou músculo sem adiposidade. David Best, lÃder dos Fujiya & Miyagi, respondeu à s questões do Bodyspace por email. Músicas como a “Sixteen Shades Of Black And Blue†parecem estar à distância de uma “grande produção†para serem hits de estádio em potência. Como se sentiriam se uma banda como, por exemplo, os Depeche Mode, pegasse numa das vossas canções e a tornasse um hino de milhões? O que fariam com o dinheiro?
Gostava de ouvir outra banda fazer uma cover de uma das nossas canções. Pelo que sei, nunca aconteceu. Gostava de as ouvir cantadas como deve ser. Mas acho bastante improvável que um grupo com mais êxito o faça. Eu comprava uma casa, e depois, se sobrasse algum dinheiro, comprava montes e montes de discos.
Ventriloquizzing parece ser um disco onde usaram um som “maiorâ€, especialmente com um uso mais proeminente do orgão. Houve a tentação de continuar a adicionar sons, ou estavam decididos a usar esta palete sonora desde o começo?
Sinto nos vossos discos uma mistura entre intimidade, com as vozes semi-sussurradas, e extroversão com o groove sempre presente. É algo que tentam alcançar? Há algo lado da vossa música que gostavam que fosse mais notado pelo vosso público?
Vou passar ao lado da questão das “influências†com uma pequena guinada. Se tivessem que agradecer a três pessoas externas pela existência da vossa banda, quem escolheriam?
Musicalmente, seriam os Can, o Serge Gainsbourg, e os Sly & The Family Stone. O Serge pela sua voz, o Sly pelas linhas de baixo, e os Can por desenharem o mapa das possibilidades musicais. A um nÃvel pessoal, a nossa manager, Martine, tem sido fantástica. Acho que não terÃamos aguentado a banda como ocupação a tempo inteiro tanto tempo sem a ajuda dela.
Ainda vos confundem com uma banda alemã ou japonesa ou de dois elementos muitas vezes? O vosso público já sabe o que espera quando compra bilhetes para vos ver?
Quanto mais tempo duramos, menos pessoas pensam que somos japoneses, alemães ou um duo. Ainda aparece de vez em quando mesmo assim. Somos provavelmente mais dinâmicos e imediatos ao vivo do que em disco. Imagino que haja a tentação de tocar os nossos discos baixo, mas eles precisam realmente de ser ouvidos alto. Faz mais sentido dessa forma.