O que mudou não foi tanto a forma de a pensar mas o tempo que lhe dedicava. No ano seguinte ao da saÃda do primeiro disco (saiu em Setembro de 2006, um ano depois de ter terminado as gravações) comecei a sentir que a montanha parira um rato. Deixei de encontrar razões para a viver tão intensamente e tive necessidade de fazer outras coisas. Mais tarde, ao perceber que a minha relação com a música não precisava de ser de vida ou morte, decidi fazer as pazes com ela gravando um novo disco; como já não tinha todo o meu tempo para ela, entre o primeiro passo para este trabalho — mais uma vez, a gravação de uma maquete com quatro canções em casa do Nico Tricot — e o seu lançamento passaram cerca de dois anos.
Ainda se referem a ti como "ex-Ornatos". Isso incomoda-te? Considera-lo um entrave na tua maturação enquanto músico a solo?
Li que te sentiste algo frustrado com a recepção do público ao Todos Os Dias Fossem Estes / Outros. Que tens achado das reacções a este Deve Haver?
Deve Haver parece-me um disco com uma forte componente crÃtica aos tempos que correm... concordas? Era algo que tinhas em mente enquanto o compunhas?
Sinto-me ao mesmo tempo resultado dos tempos que correm e co-responsável por não correrem de outra forma. Não me agrada esse resultado e não me agrada sentir-me incapaz de o alterar. Mas os tempos já correm há muito tempo e as minhas batalhas pessoais não são travadas contra este momento em particular — talvez por isso se encaixem bem nele.
Sei que guardas várias gravações que fizeste de canções incompletas, ou ideias por terminar. Há alguma canção neste disco que tenha sido repescada?