Presumo que este seja bem mais caótico que Rounds e Pause, certo?
Encontra-se mais próximo do primeiro disco - Dialogue - nesse aspecto, mas os sons explorados são bem diferentes. Será perceptÃvel uma maior influência do techno.
Talvez se esteja a referir ao techno de Detroit, não?
(muito reticente) Sim... Gosto de pensar que as pessoas não julguem que vou lançar o mesmo disco duas vezes. Nunca o fiz. Parece-me que o público, atendendo ao tipo de artista que sou, espera de mim um disco diferente a cada novo lançamento.
Continua a usar o mesmo tipo de software? O Audiomulch e o Cool Edit Pro?
Isso acontece porque trabalhei com um realizador japonês (Woof Wan-Bau), que imediatamente incutiu isso nos teledisco (Kieran refere-se apenas ao autor do teledisco “My Angelâ€). Encontro imensa inspiração a cada vez que regresso ao Japão. Parece ser um lugar “superior†e magnificamente divino.
Claro. Existe um imenso interesse por todos os tipos de arte. Aprecio a forma como parecem estar sempre tão atentos ao detalhe. É um sÃtio que me inspira de facto, mas a razão que levou à inclusão dos tais elementos japoneses prende-se essencialmente ao facto de ter escolhido um realizador japonês.
Não me parece que tal aconteça. Esse impacto já se desvaneceu. Existe uma maior presença da música indiana. Sou meio-hindu. Creio que essa influência predomine sobre a da música japonesa. Mas gosto imenso de viajar. É muito importante para mim ter uma percepção do mundo e de tudo o que nele habita.
Acredito que seja tremendamente inspirador, certo?
Acho que porções de tudo o mundo encontram, de uma maneira ou de outra, encaixe na minha música.
Sei que vai colaborar com o lendário baterista Steve Reid (que chegou a colaborar com James Brown e Miles Davis, entre muitos outros) num par de espectáculos. Fale-nos disso.
Sim, isso mesmo. Comi centenas desses! Assistir aos Radiohead, comer peixe... Foi perfeito.
Eles estavam a promover Hail to the Thief.
Na verdade, creio que ainda estavam a trabalhar no disco. Foi muito interessante assistir a esses concertos, enquanto parte do processo de formação de Hail to the Thief.
O público quase endoideceu quando, no último concerto, tocaram o “Creepâ€.
(risos)
Não estive nesse concerto, mas fui ao primeiro e adorei. Rounds estava pronto nessa altura? As suas performances exerceram algum tipo de influência na feitura desse disco?
A influência dessas performances foi gigantesca, tendo em conta que Rounds estava a meio da sua conclusão. Foi por essa altura que me estava realmente a adaptar ao laptop usado nas prestações ao vivo, e foi aà que começaram a surgir imensas ideias. Foi nesses espectáculos que coloquei à prova algumas das ideias que tinha alinhadas para Rounds. Acabaram por se conjugar naquele ambiente. Reconheço a importância desses tempos.
Como decorreu a digressão com o Animal Collective? Sung Tongs foi eleito pelo Bodyspace como o melhor disco do ano passado. Qual a tua opinião em relação a esse disco?
Foram fantásticos. Começámos a tocar quando ainda frequentávamos a escola, tÃnhamos quinze anos e andávamos tão furiosos com tudo. Éramos tão novos... Ainda hoje continuamos a compor música em conjunto.
Estou certo de que os processos são completamente dispares...