Foi um processo moroso, a primeira música criada foi mesmo a “Le petit mortâ€, andei dois anos com ela, a limar arestas, a tentar encontrar uma linha de piano...Depois surgiram mais temas e a sonoridade de Himalayha começou a desenhar-se. Deu-me muito trabalho tentar criar algo que tinha na cabeça há já vários anos. Surgiu a oportunidade de editar e não pensei duas vezes.
E como foi gravar a música para este Melancolia em dia menor? Podes falar um pouco desse processo, das tuas escolhas, dos teus receios?
A maior parte dos temas surgiu a partir de linhas de piano, fui compondo tudo ao piano, apesar de não dominar o instrumento. Gravava e compunha ao mesmo tempo. Fiz os arranjos, adicionei alguma electrónica minimalista, captei e samplei sons de ambientes, juntei vários instrumentos acústicos. Tenho sempre muito cuidado com a selecção dos sons e dos instrumentos, são ferramentas que moldam o som, que o tornam personalizado. Os receios surgem sempre a compor e a produzir, isto porque nestes campos podes seguir vários caminhos, depende daquilo que tens em mente, se o que fizeres fôr igual aquilo que tens na tua cabeça então seguiste pelo caminho certo.
Este teu lançamento surge num disco com mais 3 projectos. Sentes-te bem ao lado dos outros três nomes? Queres falar-nos um pouco sobre esses nomes?
Este EP surge num CD split, com Dream Metaphor, Eletrólise e Vysehrad. Sou apreciador das músicas destes projectos, apesar de não me identificar com os temas que aparecem neste split. Não foram a melhor selecção de músicas, falo dos temas de Dream Metaphor e Electrolise, estes projectos têm mais potencial do que aquilo que demonstram no split. São projectos já com identidade própria, vão com certeza fazer algo de muito bom mas sou suspeito de falar, o Pedro (Electrolise) e o Lionel (Dream Metaphor) são dois grandes amigos meus.
Como foi acolhido o teu trabalho pela Thisco?
Eu conheço o LuÃs Van Seixas da Thisco há já uns anos, desde a altura em que fazia música com mais pessoas num projecto chamado Oxygen, ele sempre quis editar algo dos Oxygen, mas nunca chegamos a fazê-lo. Por coincidência o LuÃs esteve presente nos últimos concertos de Oxygen e nessa altura a sonoridade da banda já tinha algumas pistas daquilo que viria a ser Himalayha. O LuÃs sempre me incentivou a editar algo, foi um grande apoio. Ele gostou muito de Himalayha.
Sim, trabalho, e de forma muito consciente. Estou a tentar construir uma banda sonora para ser acompanhada pela imaginação, acho que cada pessoa poderá fazer o seu próprio filme ao ouvir Himalayha. A partir do momento em que crias música e esperas que ela transmita algo de emotivo a quem a ouça, então aà consegues cumprir o objectivo de fazer música cinemática.
Interessa-te trabalhar com o cinema, com o teatro, com a dança? Não serão estas extensões lógicas do seu trabalho para quem trabalha este tipo de músicas?
Interessa-me muito, acho que a música pode ser um grande complemento dessas formas de arte. E sim, são extensões lógicas, estas formas de arte mexem com as emoções, podes compor a pensar naquilo que queres transmitir, nas emoções, no final só muda o meio em que apresentas o teu trabalho.
Fascina-te a fusão da música clássica com o da electrónica? Ou fascina-te mais o quebrar das barreiras que está implÃcito nesse trabalho?