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Dead Combo
O levantar da poeira


Os Dead Combo sĂŁo TĂł Trips nas “guitarras desajeitadas” e Pedro Gonçalves no “contrabaixo tuga e “guitarra desajeitada”, como eles prĂłprios afirmam. Nasceram no inĂ­cio do sĂ©culo XXI (no ano de 2001, mais precisamente) mas sĂł agora lançaram o seu primeiro disco, Vol. I, pela Transformadores. Pelo meio, gravaram um tema para a compilação de homenagem a Carlos Paredes intitulado “Paredes Ambience“, compuseram a banda sonora de Sudwestern - Un Duelo En El Barrio e Guitarra com Gente LĂĄ Dentro de Edgar PĂȘra, e deram um nĂșmero considerĂĄvel de concertos. Os Dead Combo pegam na essĂȘncia do fado e cobrem-no com pĂł vindo do Western, e, nas palavras dos prĂłprios, “tocam Lisboa, a cidade do campo, das chaminĂ©s e das cĂșpulas brancas, cenĂĄrios de um passado perdido, o fado, o Western vadio, tudo junto num voodoo de emoçÔes, clichĂ©s e histĂłrias entre o Tejo, as estradas do sul, os amantes desencontrados, anjos abandonados nas encruzilhadas do destino, vozes de mulheres, flores com cores trocadas, santos, cĂąmaras ardentes, guitarras despidas, cuspidas e deitadas Ă  rua, contrabaixos em fogo, cartolas, galinhas Ă  solta e coisas que rolam na rua”. E Ă© assim que se faz o estranho mundo dos Dead Combo.
Como Ă© que nasceram os Dead Combo?

No fim de um concerto em Lisboa o TĂł pediu boleia ao Pedro sem saber que ele nĂŁo tinha carro, assim foram os dois a pĂ© atĂ© ao Bairro Alto e Ă  conversa surgiu a ideia de gravarem os dois a mĂșsica incluĂ­da na homenagem a Carlos Paredes.

Nessa mesma compilação de homenagem a Carlos Paredes, Movimentos PerpĂ©tuos, contribuĂ­ram com o tema “Paredes Ambience”. Como Ă© que foi a experiĂȘncia? Como foi tomar contacto directo com a obra de Carlos Paredes?

JĂĄ conhecĂ­amos a obra do Paredes, surgiu por um convite do Henrique Amaro.

Compuseram a mĂșsica para o filme Sudwestern - Un Duelo En El Bairrio de Edgar PĂȘra. O que Ă© que nos podem contar sobre isso?

NĂŁo Ă© um filme mas sim um cine-concerto em que participam os Dead Combo, actores como Miguel Borges, Carla Bolito, Marina Albuquerque, LavĂ­nia Moreira e tem imagens prĂ©-gravadas e Live-Cam. ParticipĂĄmos no World Wide Video Festival em AmsterdĂŁo, Holanda. Compusemos tambĂ©m a mĂșsica para esse sim filme de Edgar PĂȘra Guitarra com Gente LĂĄ Dentro.

Deram uma sĂ©rie de concertos naquela a que chamaram de “TournĂ©e Dead Combo+BĂ­blia”. Como Ă©, para vocĂȘs, a experiĂȘncia de tocar ao vivo? Como tem sido a reacção do pĂșblico?

A reacção é boa, as pessoas ficam um bocado surpreendidas.

Lançaram agora o vosso primeiro disco de originais. Vol. 1 é aquilo que os Dead Combo desejavam que fosse?

Sim, claro que Ă©. Foi gravado por nĂłs num monte alentejano com as pessoas de quem gostamos e estimamos. Achamos que Ă© um bom espelho daquilo que estamos a fazer neste momento como grupo.

E como decorreram as gravaçÔes? Como Ă© que o facto de serem vocĂȘs prĂłprios a gravar o disco tem influĂȘncia no rumo e no conceito do disco?

QuerĂ­amos estar num sitio em que nos sentĂ­ssemos bem e confortĂĄveis acima de tudo. Quanto ao conceito e rumo surgiram naturalmente.



Contaram com alguns convidados especiais como o Zé Pedro, o Gui, o Sérgio Nascimento, o Nuno Rebelo e o Johannes Krieger. Como é que funcionaram essas participaçÔes?

SĂŁo amigos nossos, assim achĂĄmos que era natural convidĂĄ-los para participarem.

Quando se fala nos Dead Combo, refere-se muitas vezes a mistura do Fado com o Western. Concordam com esta alusĂŁo?

Sim, mas achamos que Ă© talvez um bocado redutora.

Nomes como Ennio Morricone ou Ry Cooder sĂŁo influĂȘncias directas na mĂșsica dos Dead Combo? O que Ă© que tĂȘm ouvido nestes Ășltimos dois anos?

NĂŁo, nĂŁo sĂŁo influĂȘncias directas, quanto ao que ouvimos vai desde Slayer a CesĂĄria Évora, passando por Marc Ribot e Alfredo Marceneiro e Red Hot Chili Peppers.

No vosso site oficial Ă© possĂ­vel ver a primeira de uma sĂ©rie de animaçÔes intituladas "Dead Combo Sound Files", assim como alguns Comics. É uma vertente que procuram aprofundar dentro dos Dead Combo?

Somos fĂŁs de BD logo isso tem influĂȘncia no que fazemos.

Ultimamente, o Blitz e o DiĂĄrio de Noticias tĂȘm lançado vĂĄrios discos de bandas portuguesas a um custo bastante reduzido. O que pensam desta iniciativa?

Achamos que devia haver ainda mais iniciativas assim, é uma maneira de evitar o preço excessivo praticado nas lojas e baixar o IVA nos discos.

E o que dizer da “Transformadores”, a editora que lançou o vosso disco?

'TĂĄ-se Bem.

HĂĄ uma nova vaga de valores seguros na mĂșsica portuguesa, entre os quais se incluem os Dead Combo. O que Ă© que se pode esperar dos Dead Combo?

O Vol. 2.


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
07/07/2004