Ao terceiro disco, os Wraygunn, que de dia para dia são mais do mundo do que propriamente de Coimbra, mostram-se cada vez mais prementes no cenário musical português. Há em Shangri-La um desejo de evolução em relação ao passado que se nota com o desenrolar do disco. As vozes femininas, da responsabilidade de Raquel Ralha e Selma Uamusse, conferem ao novo disco sensibilidades que aproximam os Wraygunn um pouco mais da música soul. Mas continua a ser de rock que se fazem os Wraygunn. Dentro e fora dos palcos, dentro e fora dos estúdios. Paulo Furtado e Raquel Ralha, em entrevista ao Bodyspace, confirmam e desmentem alguns dos mitos que rodeiam uma banda com a atitude dos Wraygunn. Como se sentem ao lançar o terceiro disco de originais? Quanto cresceram os Wraygunn nos últimos tempos?
Quer-me parecer que insistem que cada disto tenha algo de novo, que seja uma evolução do anterior. E este não será excepção. Percorrem novos territórios neste disco. Insistem que cada novo disco traga algo de diferente ao mundo musical dos Wraygunn?
P.F.: Acho que a Raquel e a Selma estavam imparáveis. O trabalho delas acabou por condicionar o trabalho do resto da banda. Foi altamente natural, o modo como as vozes delas se complementam. Foi muito bom.
Pouco depois do lançamento do disco começam bem em termos de datas grandes. Tocaram já no Nuites Sonores em Lyon e no Creamfields em Lisboa e, recentemente, no Alive. Como tem sido testar este Shangri-La ao vivo em palcos tão importantes?
R.R.: Seguimos o nosso instinto quando fazemos música… como tal, se calhar fazemos aquilo que gostarÃamos de ouvir em casa ou num concerto se não fôssemos nós a fazê-lo. Tentamos em cada novo disco subir mais um degrau na nossa satisfação e na das pessoas que nos ouvem e vêem. Em Portugal, no rock ou não, vejo sempre com entusiasmo os Mão Morta, Dead Combo, d3ö, X-Wife, Vicious Five, Buraka Som Sistema, só para citar alguns exemplos…
Quer-me parecer que os Wraygunn são uma das poucas bandas do rock português que “cultivam†e vivem um certo rock ‘n’ roll way of life. É tão divertido para vocês quanto parece?
R.R.: No dia em que não nos der um gozo desmedido fazer o que estamos a fazer com Wraygunn, não o continuaremos a fazer certamente. Acima de tudo queremos tentar sempre tirar o máximo partido dos momentos em que estamos juntos a fazer a música que queremos. Pode haver coisa melhor? [risos]
P.F.: O roteiro de espectáculos português sempre foi demasiado pequeno para toda a gente, mesmo para quem está a começar agora. E a maioria dos portugueses não sabe o que perde por não ouvir mais música nacional.
R.R.: Sim, passa pela saÃda do Shangri-La em mais paÃses da Europa e Canadá, por mais uma digressão em França no final de 2007 ou inÃcio de 2008 e toda a promoção normal inerente ao lançamento de um disco.
P.F.: Neste momento estou em casa, em Coimbra, e só espero chegar a horas de manhã ao aeroporto para ir tocar a Barcelona… Acho que não vamos ter muito tempo para pensar nos próximos dez anos…