DISCOS
The Essex Green
Cannibal Sea
· 17 Ago 2006 · 08:00 ·
The Essex Green
Cannibal Sea
2006
Merge / Mushroom Pillow / Popstock!


Sítios oficiais:
- The Essex Green
- Merge
- Mushroom Pillow
- Popstock!
The Essex Green
Cannibal Sea
2006
Merge / Mushroom Pillow / Popstock!


Sítios oficiais:
- The Essex Green
- Merge
- Mushroom Pillow
- Popstock!
Mesmo que superficialmente não se descubra qualquer agravo ao peso do selo Merge no canto inferior de qualquer disco, este já representa a insufladora aprovação do Superchunk Mac McCaughan, incessante amolador de melodia tornado guru indie, e a vivência editorial paredes-meias com uns Arcade Fire que sobre si têm toneladas de expectativas.

Os nova-iorquinos Essex Green trazem cravado o signo da Merge, mas nada por aqui denúncia essa pressão invisível. Antes se escuta a descontracção de quem tem um monte de feno como habitat criativo e o que terá resultado de sessões supostamente desafogadas: rock de lacinho twee assumido a cada riff de bolso e linha de órgão sonhador, a simpatia adocicada de uns That Dog. (que sempre foram a banda que as bandas preferem, mais do que o próprio público), vinhetas solarengas de um Charlie Brown curado de stress, as dinâmicas de uns Belle & Sebastian (da fase Isobel Campbell) aplicadas a canções tingidas de country rabiscadas a caminho de uma imaginária Santa Fé. Marcas de perfil que em território espanhol normalmente equivalem a acompanhamento religioso por parte de uma base de fãs estável, numericamente posicionada entre metade e parte inteira de um milhar.

Daí que não seja de estranhar que a distribuidora Mushroom Pillow, sedeada em Madrid, tenha requisitado o licenciamento por cá do terceiro disco dos Essex Green e, deste modo, proporcionado uma proximidade mais imediata entre veraneantes ibéricos e a banda sonora ideal para atravessar a Andalúcia de carro (aconselha-se pés nus sobre o tablier, para melhor efeito). Perceber que se trata de uma banda de Brooklyn (se preferirem, um agrupamento de três escritores de canções com estilos próprios e conjugáveis) a moderar as temperaturas quentes de estâncias europeias, referencia-os desde já como escapistas capazes de efectuar topografia melódica de território alheio à distância de um oceano. Vale-lhes certamente esse atributo. Para tirar isso a limpo, repara-se como a diversidade de recursos que frutifica “This isn’t Farmlife” coloca – nem que por um instante apenas - os Essex Green a par de uns Shins que são dianteiros neste campeonato e como o falso update efectuado à herança dos Mutantes no infantilmente (elogio) psicadélico “Cardinal Points”, sustenta, por força de horizontalidade de órgão Rhodes, a ideia de que este é disco para atravessar a fronteira que nos separa de Espanha. Vai aquecendo o motor do velhinho dois cavalos, Paquito. Não tardaremos a encontrar felicidade nuns calamares empurrados por umas cañas.
Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com

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