DISCOS
Amina
Animamina EP
· 18 Nov 2005 · 08:00 ·
Amina
Animamina EP
2005
The Worker’s Institute


Sítios oficiais:
- Amina
- The Worker’s Institute
Amina
Animamina EP
2005
The Worker’s Institute


Sítios oficiais:
- Amina
- The Worker’s Institute
É certo que até há pouco tempo o nome das Amina, o quarteto de cordas da Islândia, era apenas (ou maioritariamente) conhecido do mundo através da sua ligação com os também islandeses Sigur Rós. Além de os terem acompanhado em digressões, marcaram também presença na gravação de Ágaetis Byrjun e de ( ). Mas não foi só aos autores do mais recente Takk… que as Amina emprestaram um pouco da sua beleza. Também Tripper de Efterklang e In a Safe Place de Album Leaf contaram já com a participação de María Huld Markan, Hildur Ársælsdóttir, Edda Rún Ólafsdóttir e Sólrún Sumarliðadóttir, que um dia se conheceram num colégio de música em Reykjavik, algures nos anos 90 (as Amina formaram-se em 1998). Pode-se dizer então que o valor do seu trabalho enquanto colaboradoras é de todo inquestionável, mas ao que parece as Amina tinham algo a provar a si próprias e, por consequência, ao resto do mundo.

O mínimo que se pode dizer – e tendo em conta aquilo que estamos acostumados a ouvir vindo das quatro Amina – é que o EP Animamina, primeiro lançado pelas próprias em Dezembro de 2004 e agora editado um pouco por todo o mundo pelo selo The Worker’s Institute (uma nova editora que conta já também com um disco de Anthony Burr e com o terceiro álbum de Jóhann Jóhannsson), é tudo menos aquilo que estávamos à espera de ouvir de quem um dia pintou Ágaetis Byrjun com encantadores arranjos de cordas. Nas quatro faixas que compõem este EP de estreia, as Amina decidiram contornar o óbvio, tornear aquilo que era esperado e passar as cordas quase para um segundo plano. Animamina, gravado algures entre a Islândia e Roterdão, é então uma fusão cuidadosa e meticulosa de electrónica, harpas, sinos e até mesmo um glassophone feito em casa e, claro, toques de cordas – fugir ao óbvio é bonito, fugir a si mesmo é, na maior parte das vezes, pura estupidez.

Mas há coisas das quais não se pode fugir. Animamina preserva aquele icy feel e fragilidade tão comuns nas bandas islandesas um pouco por todas as faixas, mas especialmente em “Fjarkanistan”, tema que, de resto, é o que até partilha mais similaridade - mas não em demasia - com o trabalho executado pelos Sigur Rós - se comparações são mesmo necessárias talvez devam ser feitas com nomes como Max Richter e com Colleen. De resto nota-se, por todo o disco, alguma atitude primitiva na construção de alguns temas, porventura uma escapadela ou outra a estruturas definidas – o factor liberdade é condição positiva neste disco. “Skakka” por exemplo é algo cacofónica na sua reunião de estalidos e ruídos doces, como se de uma reunião de pequenos brinquedos se tratasse – de resto, ainda alguém há-de explicar porque é que as caixinhas de música combinam também com ambientes gélidos. “Hemipode” é solta e esparsa nos seus quase 4 minutos e meio, melodiosa como um grande e colorido dia de Primavera que se desejava mais longo. Na verdade, o EP não chega sequer aos 19 minutos, mas suspendam imediatamente possíveis desencantos. As Amina prometeram já novo e completo disco a ser desenhado algures entre as digressões de 2005 e 2006 (relatos dizem que as gravações estão a acontecer esporadicamente), e aí – aí sim – é que será a verdadeira prova de fogo.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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