DISCOS
Desidério Lázaro
Moving
· 26 Mar 2018 · 22:00 ·
Desidério Lázaro
Moving
2018
Sintoma


Sítios oficiais:
- Desidério Lázaro
Desidério Lázaro
Moving
2018
Sintoma


Sítios oficiais:
- Desidério Lázaro
Movimento.
O saxofonista Desidério Lázaro começou por se afirmar sobretudo pela sua capacidade técnica, instrumentista de improvisação fogosa, assumidamente coltraneana. Apresentou-se ao mundo com Rotina Impermanente (2010), num trio acompanhado por Mário Franco e Luís Candeias. Seguiu-se Samsara (2012), disco em quinteto com Afonso Pais, João Firmino, Francisco Brito e Joel Silva. Regressou ao trio com Cérebro: Estado Zero (2013). E em 2015 editou Subtractive Colors, com um grupo mais alargado e ambicioso (uma formação flexível que se expandia até septeto).

Neste seu quinto disco, Moving, o saxofonista lidera agora um quarteto com músicos da sua geração, com quem já trabalhou anteriormente: João Firmino na guitarra, Francisco Brito no contrabaixo e Joel Silva na bateria. Lázaro apresenta um conjunto de temas originais, com uma diversidade que reflecte a actual fase criativa. Sem a urgência dos primeiros tempos, a ânsia de exibir a vertigem saxofónica está controlada, a atenção está focada no som colectivo e a música fica a ganhar.

Se o primeiro tema começamos por entrar numa onda contemplativa, ao segundo faixa - “Moving”, que dá título ao disco - já entramos num jazz-rock abrasivo, um tema dominado pela guitarra eléctrica com efeitos (um dos pontos altos do disco). Em “Introspective” retoma a bonança, com notas demoradas, e segue-se “Courage”, afirmando uma melodia memorável.

O quinto tema, “Lullaby”, é outro ponto alto do disco. A guitarra esboça uma introdução, sobre um fundo com sons de um bebé (faz sentido, Desidério dedica o disco ao seu filho Mário). Entra depois o saxofone e o grupo, com um som sólido, exibindo a boa dinâmica do quarteto. Ao sétimo tema volta a destacar-se a guitarra (aqui delicada), e, para fechar, chega “Reconciliation”, tema mais arredondado.

Além do som imaculado o saxofone de Lázaro, a guitarra de Firmino tem aqui um papel fundamental, constrói ambientes com elegância, sem encher em demasia. Mais do que mostrar um excelente saxofonista (que já conhecíamos, e continua instrumentista extraordinário), este disco confirma Desidério Lázaro como músico completo, realçando-se a faceta de compositor, e sobretudo reflectindo o seu actual momento de maturidade musical.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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