The DREAMWEAPON is firstly an excess. It is a simultaneous surface - slick and spermatozoid (a harmonic block of oscillating space) - that exudes beyond its coordinated boundary. It is "chrono-geneous" - momentary - a melodious decomposition of history. A history of movements and migrations, the spilling of time over territories, and the recordings, inscriptions of these open spaces into localised systems of recognition (...) The dreaded Oedipal triangle: guitar/bass/drums, but underneath it lies the salvation of fuzz...

~ Erik Morse

Um triângulo, sim. Com um olho no meio, o de Deus ou o de um furacão - por vezes são uma e a mesma coisa -, um triângulo perfeito que marca a área onde o transe e a transa se fundem, onde a carne e a alma pisam territórios desconhecidos à grande maioria dos Homens, um triângulo de um hipnotismo subtil, mas permanente. A máquina, ou "Mashinne", é o carburador (aquele drone, aquela guitarra). O veículo é SOL, o novo álbum dos Dreamweapon, uma luz gigantesca tornada trémula pelo ácido.

O veículo guia por uma Autobahn imaginada, fruto dos ecos krautrock do seu ritmo, mas vai além de um mero exercício de familiaridade. É algo mais do que rock de cariz psicadélico; é a percepção de que estamos a caminho de algo que desconhecemos, uma sensação ambígua que mistura coragem e receio. Quando dermos por nós nesse local distante, não quereremos sair de lá tão depressa. Aliás, poderemos nunca vir a sair de lá.

SOL é, segundo explicam os próprios Dreamweapon, o início do seu "ciclo solar"; seguir-se-à a lua e toda a simbologia a ela inerente. Mas, para já, banhemo-nos na luz, afoguemo-nos no ruído - em particular o de "Qram", regurgitando a estratosfera em camadas sonoras, e o de "Monte Da Virgem", uma das muitas provas de que a repetição na música rende sempre. O coração bate sempre de forma repetitiva.