O mundo de Darren Cunningham: estranho, amiúde metafísico. Muita da boa arte vive do – e no – subjectivo. Na ambiguidade encontram-se perspectivas válidas para conceber toda a imaginaria. Actress é projecto mor na sua latitude: na nebulosa e complexa esfera techno de Cunningham, as sombras, a indefinição, a suspeição e paranóia tecnológica determinam muito do compasso anímico do ser-autor. É preciso esforço para se encontrar a beleza do composto.

Tivemos Splazsh: incontestável! Houve solavancos aqui e ali: R.I.P. deixou-nos pendurados num lugar pantanoso – esquisitóide, quase presunçoso; e Ghettoville: presunçosamente refinou o espírito onde tudo começou – Hayzyville. Há estados íntimos que só ao autor dizem respeito. Nós limitamo-nos a ouvir, e tentar perceber e gostar.

AZD, quinto álbum do produtor americano, nova investida no território que criou egoistamente para si, é um lugar híbrido onde a pulsação da Humanidade se combina com o pulso da máquina. Onde o pestanejar, o respirar, o sangue bombeado para as veias harmoniza-se com a taquicardia do motor techno: frio, programado, repetitivo. O que determina o quê, desconhece-se. Mas estamos certos de que é uma simbiose consequente, espirituosa. Prosa distorcida e fantasmagórica para ouvir com toda a atenção.