DISCOS
Horsepower Productions
Crooks, Crime & Corruption
· 27 Mai 2016 · 11:26 ·
Horsepower Productions
Crooks, Crime & Corruption
2016
Tempa


Sítios oficiais:
- Horsepower Productions
- Tempa
Horsepower Productions
Crooks, Crime & Corruption
2016
Tempa


Sítios oficiais:
- Horsepower Productions
- Tempa
Vai um álbum de memórias?
O jungle desapareceu tão depressa como surgiu. E ficámos com o drum n´bass. E quando ele começou a saturar, surgiu uma solução (e o undergroud londrino estava em zénite): desacelerar o breakbeat, manter o possante baixo do dub, e assomar garage house americano à equação. UK garage. Porque não? O colectivo Horsepower Productions abraçou a fórmula – realmente ninguém sabe quem a inventou – e virou e revirou-a com distinção. O dubstep lá foi surgindo. A editora Tempa nasceu, e foi ela uma das principais casas a acolher o género, tendo nela militado, além dos Horsepower (onde ainda estão), Kode 9, Hatcha, Benga ou Skream.

Horsepower Productions editaram o álbum de estreia em 2002 – In Fine Style, precisamente pela Tempa. E era um exercício visionário da nova música urbana; cosmopolita; crua e elegante ao mesmo tempo: UK garage, twostep, dubstep; e o drum n´ bass, lá longe a ecoar por demanda do dub. To The Rescue (2004) concentrou-se no dubstep – e propulsionou-o; o boom deu-se; e todos nós, mais ou menos, sabemos como o género degenerou. Ao terceiro disco (Quest For The Sonic Bounty, 2010), o colectivo ainda fez um genuíno esforço para mostrar que o dubstep tinha algo mais a dar. Mas já se falava do pós-dubstep; e falar do passado era redundante.

E o que o presente determinou à trupe de Benny Ill em 2016? Que o underground é um lugar vazio? Provavelmente! Pelo menos é isso que o novo disco dos Horsepower Productions espelha: falta de ideias. E a haver algumas, é lá longe na década de 90 que o colectivo parece encontrar algo minimamente fresco. Crooks, Crime & Corruption forçam estas conclusões, infelizmente. Exemplos descarados: o tema de abertura, “Legends”, que bem ficaria numa colectânea da Mo Wax em 95; ou como o último tema, “Criminally Insane”, assentaria na perfeição no catálogo da Metalheadz quando Goldie era venerado por Timeless. Pelo meio, há house ambíguo e balofo, breakbeat exótico possuído pela nostalgia – céus, o baixo do jungle a manipular o nosso estado de espírito! E há duas tentativas de puxar pelo estafado dubstep para justificar o caderno de encargos UK bass. Crooks, Crime & Corruption é, no fundo, um desinspirado eco do passado. Sim, os Horsepower passaram de visionários a revisionistas. Passivos. Chatos.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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