DISCOS
Céu
Trópix
· 12 Abr 2016 · 11:18 ·
Céu
Trópix
2016
SLAP


Sítios oficiais:
- Céu
- SLAP
Céu
Trópix
2016
SLAP


Sítios oficiais:
- Céu
- SLAP
Imensidão, clima tropical e algumas nuvens: Céu.
Talvez seja por acaso o nome sugestivo de Maria do Céu, ou talvez sinónimo de profundidade e trocadilhos. O facto é que a cantora Paulista voltou em grande, e já não a víamos desde o último Caravana Sereia Bloom (2012). Outro facto interessante foi como conheci a Céu: estava numa loja de roupas e ouvi um cover inacreditavelmente melhor que a versão original de "Eu Amo Você", do Tim Maia. Preciso mesmo partilhar aqui esta maravilha.

Eis que Tropix chega para reinventar os parâmetros sobre Céu. Com sintetizadores a se infiltrarem nas calmas melodias da MPB e BPMs não tão acelerados assim, mas já servem como desassossegadores de sono. Assim segue o disco todo numa alternância entre o trip-hop e ritmos de décadas passadas da história musical brasileira. Logo ao inicio do disco há "Perfume do Invisível", que foi o single de estreia. Nos primeiros acordes, sinto uma certeza inacreditável de que quem vai entrar a cantar é Thom Yorke (vocalista dos Radiohead). São só ilusões que a música traz. Logo depois, Céu muda o cenário e vai ao encontro de um R&B mais dançante.

Mas chega uma dobradinha que resume o disco todo: "Amor Pixelado" e "Varanda Suspensa". A primeira me desconcerta por inteiro. É como transformar o amor, que é algo abstracto e subjectivo, em pixeis facilmente mensuráveis. O arranjo simples deixa ainda mais claro o que é para ser ouvido e entendido. De seguida, tem uma varanda claramente em outra dimensão. "descansar a vista, até onde a vista alcança (...) até onde o sonho te leva". Esta música tem uma batida única e incomparável com o resto do disco: é tropical, com toque de guitarrada.

Tropix é a perpetuação da brasilidade pronta para a exportação. E não é coincidência Céu ter acabado de fazer uma tour pela Europa e seguir para os EUA. É o resultado da mistura do electrónico com o tropical e da reinvenção da cara da música brasileira. Pela complexidade do assunto, há ainda muita atmosfera a ser criada e muito Tropix para ser ouvido.
Matheus Maneschy
matheusmaneschy@gmail.com

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