DISCOS
Anderson . Paak
Malibu
· 19 Fev 2016 · 21:56 ·
Anderson . Paak
Malibu
2016
Steel Wool / OBE


Sítios oficiais:
- Anderson . Paak
- Steel Wool
Anderson . Paak
Malibu
2016
Steel Wool / OBE


Sítios oficiais:
- Anderson . Paak
- Steel Wool
O Terceiro Segredo de Dre.
Não sendo o primeiro disco de Brandon Paak Anderson, Malibu será – ou está a ser – aquele que fará dele um nome de vulto entre os cantores soul/r&b dos nossos dias. Ainda não ouvi o seu disco de estreia, Venice (2014). E aviso já que os custos no Discogs, para quem gosta da cena de ter o disco em casa, andam a subir. Mas voltando ao assunto em mãos, Malibu, além de ser um excelente disco, é o primeiro lançamento de Anderson desde que Dr. Dre lhe deu lugar de destaque no seu Compton (A Soundtrack). Ora, se Snoop Dogg foi o seu primeiro segredo, e Eminem o seu segundo, será justo que consideremos Anderson .Paak o seu terceiro? Pelo menos para já, tem todo o potencial para ser, e nem precisou de se trancar num convento.

Anderson não seguiu o g-funk do padrinho, como fez Snoop, nem a raiva desmesurada do bom velho Eminem (saudades). O seu campo é sobretudo o da soul, com passagens habilidosas pelo r&b, funk, e hiphop. E fiquemos apenas por soul. Pois Anderson não precisa que a tratemos por neo, retro, ou outra coisa qualquer. Sim, tem coisas em comum com Erykah Badu, e com D’Angelo. Mas não serão esses também dois nomes que há muito transcenderam rótulos demasiado apertados? O facto é que Malibu beneficia de uma enorme riqueza e versatilidade de arranjos, produção e instrumentação, orgânica ou electrónica. E especialmente da voz de Anderson .Paak. Voz semi-rouca, pouco perfeccionista, sábia nas melodias, nas temporizações, e no dosear de esforço. Anderson percebe exactamente quando deve puxar mais ou menos pela dita, quando ser romântico, brincalhão, contador de histórias, mestre de cerimónias, e outras roupagens que lhe assentam de forma igualmente impecável.

Malibu, ao durar mais de uma hora, diz logo de caras ao mundo que exige dedicação. E esta, felizmente, permite-nos percepcionar a atenção ao detalhe que terá norteado a sua criação. Na verdade, a única coisa fraca em todas as 16 músicas do álbum são as rimas de The Game em “Room In Here”. Facilmente compensadas pela excelência de números como “Heart Don’t Stand A Chance”, “Put Me Thru, “Come Down”, ou “Celebrate”. Esta última, e a parceira de fim de disco “The Dreamer”, o que “Happy”, de Pharrell Williams podia ser, caso o seu algodão-doce não se tornasse híper-enjoativo ao fim de pouco tempo. Aliás, estará um convite dos Daft Punk já ao virar da esquina? Com ou sem ele, Anderson .Paak tem tudo para ter o seu nome em grandes letras em futuras parangonas, e cartazes de festivais. E esse tudo é representado por um substantivo simples, mas pouco comum: Talento.
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com

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