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jennylee
right on!
· 27 Jan 2016 · 16:47 ·
jennylee
right on!
2016
Rough Trade / Popstock


Sítios oficiais:
- jennylee
- Rough Trade
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right on!
2016
Rough Trade / Popstock


Sítios oficiais:
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Jenny Lee Lindberg faz “Boom Boom”, mas por pouco tempo.
Aquela linha de baixo só podia ser dela, tem carga, alma, jinga, uma jinga que ela não partilha com ninguém, enamora como só ela sabe fazer, eis “Boom Boom”, segunda música do álbum de estreia a solo da baixista de Warpaint. Começo pela segunda música do alinhamento, porque me seria difícil “começar pelo começo”, porque a primeira “Blind” parece um tiro a dois alcances. Explicando; se o objectivo é afastar-se do legado Warpaint, este é cumprido na integra se, por sua vez, pretende cativar alguém para ouvir as restantes nove músicas de right on! então falha, não redondamente, mas falha.

Segue-se, contudo, a já abordada “Boom Boom”. Música que faz transbordar o copo das expectativas, uma música com orgulho de si própria, independente, forte, Mulher, uma Jenny olhada ao espelho. Daqui transita-se para um “Never” caprichoso, lento, meloso em que se pergunta se a “menina do baixo” estará por lá, pergunta dissolvida na seguinte “Long Lonely Winter”, em que reaparece a apaixonante Lindberg, num repasto que se estende à etérea “Bully” a cheirar a Warpaint e ao seu som “5 cm acima do solo”.

Com “Riot” vem o poder . “It’s a Riot” repete ela, a dama do baixo, poderosa para três minutos e sete segundos de força revolucionária que ganha em força de paixão o que perde em explosão na seguinte “He Fresh”. A partir daqui entramos no experimentalismo, na procura não se sabe bem do quê com “Offerings” que culmina no puro domínio do insondável com “White Devil”, talvez uma música tão dicotómica e irónica como o seu nome pode supor. É uma música de estranhar, mas não entranhar, apesar de nos deixar a pensar, o que é o que de melhor se poderá dizer desta canção.

No termino de Right On encontramos “Real Life”, uma espécie de reflexão sobre os malefícios da fama, por certo memória transposta da experiência enquanto baixista de Warpaint ou fruto das várias solicitações para trabalhos no mundo da moda. Música limpa, bem conseguida e que dá um tom mais calmo e assertivo ao que nos ficou do álbum.

É um álbum difícil de avaliar para quem, como eu, é adepto confesso do som de Warpaint e, em igual medida da jinga de Jenny, isto é, right on provoca-me mixed feelings, talvez porque não exista uma grande coerência interna ou talvez porque algumas músicas não são grande espingarda. Quem nunca ouviu Warpaint poderá tirar a limpo esta avaliação, em contraponto quem já ouviu e conhece o potencial de Jenny, poderá dizer que se esperava um pouco mais. Em suma, Jenny Lee Lindberg é capaz de fazer melhor, de transpor a alma e a força apaixonante que põe nas suas actuações com Warpaint para os seus registos a solo, sim, ela é menina para essa tarefa.
Fernando Gonçalves
f.guimaraesgoncalves@gmail.com

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