Go forth and thrash, ouve-se a dada altura num dos temas que fazem parte do primeiro disco dos gorduratrans, de seu nome repertório infindável de dolorosas piadas, assim mesmo, todo em minúsculas como o nome da banda. A frase é de Thurston Moore, tendo sido gamada ao The Year Punk Broke, e espelha bem aquilo que o duo do Rio de Janeiro pretendeu fazer musicalmente: partir mundo fora e tocar umas malhas aceleradas, ponte entre uns Sonic Youth e os Yuck, cantadas em português.

O resultado - para além de um belo nome para uma banda - é um álbum curto mas que emana urgência por todos os lados, a juventude procurando uma vez mais a eternidade através de um riff ou de um título para uma canção. E talvez seja mesmo essa urgência que o torna curto, tal como o punk o era. Talvez seja essa urgência que faz com que o fuzz de "confusão" ressoe mais alto nas nossas cabeças mal começamos a ouvir o disco.

Com o espírito dos anos noventa adequadamente transposto para um século XXI de "confusão" e caos por todos os lados, venha daí o amor de "você não sabe quantas horas eu passei olhando pra você" ou a magnífica "vcnvqnd", que é a mais acelerada e, por conseguinte, a melhor de todo o disco. O disco pode ser ouvido gratuitamente no Bandcamp (e sacado da mesma maneira) e vale muito a pena - sendo especialmente dirigido a fãs da Cafetra ou àqueles que ainda têm dúvidas acerca da morte do rock. Eis os gorduratrans, como tantos outros, a comprovar que esse obituário é uma invenção.