DISCOS
Six Organs of Admittance
Hexadic
· 12 Mar 2015 · 11:07 ·
Six Organs of Admittance
Hexadic
2015
Drag City


Sítios oficiais:
- Six Organs of Admittance
- Drag City
Six Organs of Admittance
Hexadic
2015
Drag City


Sítios oficiais:
- Six Organs of Admittance
- Drag City
Novo primitivismo.
Consta que para escrever Hexadic, Ben Chasny desenvolveu o seu próprio e peculiar método de composição. Um conjunto de cartas desenhadas pelo próprio Chasny, cada uma delas correspondente a notas, sons, escalas, intensidade, etc., que pudessem ser ordenadas de forma livre e arbitrária para dar origem a uma canção - ou várias, no caso. E livre é tudo o que Hexadic é. Tendo em conta este sistema, é justo presumir que este podia ter sido vários discos diferentes, cada um com uma sonoridade diferente do anterior.

Mas olhemos para o disco que foi efectivamente gravado, novamente na companhia de antigos colegas: uma colecção de sete canções ácidas e primitivas (não só na gravação e na técnica, mas também numa abordagem mais crua ao estilo primitivista que popularizou Chasny), de distorção crispada e uma sujidade que ainda não conhecíamos aos Six Organs of Admittance. Com canções despidas de uma estrutura visível, ressalta o fuzz estridente e a electricidade de alta voltagem que atravessam o disco e, não raras vezes, parecem dizer muito mais ao punk (vide os Comets on Fire no início da carreira) que à espiritualidade e pacifismo que até há bem pouco tempo se ouvia nos Six Organs Of Admittance. E mesmo quando existem excepções - a espasmódica e ao mesmo tempo minimalista "Hesitant Grand Light" é uma delas - não chegam para contrariar aquilo que Hexadic é: o disco mais pesado e sujo daquele que até há pouco tempo era um projecto totalmente a solo do prolífico guitarrista.

Seja por catarse, ou por saudade do ruído que andou a expurgar nos Comets on Fire (curiosamente, este disco está bem mais próximo do que a banda fez durante os primeiros discos sem Chasny) Hexadic consegue ser o disco mais singular de uma discografia que já vai longa, mas que nunca se repetiu. Talvez este disco seja bem compreendido por quem segue Chasny e a sua multitude há mais tempo, mas quem estiver habituado à pacatez habitual do projecto pode estranhar este regresso agitado. A recomendação é só uma: dêem-lhe tempo e nunca mais vão sair daqui.
António M. Silva
ant.matos.silva@gmail.com
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