Não foram os Alt-J a abrir a caixa de Pandora (esse título pertence aos Animal Collective e à sua maior apetência para o fritalhanço-quase-trollanço folk-electrónico), mas foram certamente eles a rebentar com o tampo, espalhando por esse vasto mundo das bandas criadas em laboratórios universitários e com tab aberta na Pitchfork o gosto pela canção meticulosamente, quase pretensiosamente, trabalhada, evocando tanto o trip-hop e o r&b mais moderno como o prog dos anos 70. Música que se pode fingir dançar ao mesmo tempo que se finge pensar.

Os Glass Animals não são muito diferentes, trazendo para Zaba um exotismo tão em voga que se pauta por ritmos tribais misturados com sonoridades electrónicas mais ocidentais, transformados em canções de quatro a cinco minutos para adornar playlists do Spotify - como por exemplo "Gooey", coros orelhudos e batida aquática, que se não fosse tão decente quase nos poria a pensar se estaríamos na presença dos novos Django Django ou acédia semelhante.

Há em Zaba boas malhas que disso não passam, infelizmente, ainda que o disco se ouça bastante bem de uma ponta à outra. Destaques para "Walla Walla", estranha o suficiente para nos levar a colocar a máscara enfeitiçada e nos transformarmos no louco monstro verde, o óbvio eco aos nineties de "Hazey" e o final quase-minimal com "JDNT", delicioso pontinho pop que faz crer estarmos na presença do novo hype antes que este expluda. Há algo de bom na balança dos Glass Animals, mas também bastante de mau; concluamos apenas que, pelo menos não são a merda dos Adult Jazz.